O lateral Escobar foi o jogador que mais se feriu no ataque de torcedores do Sport ao ônibus do FortalezaMateus Lotif / Fortaleza

Rio - O lamentável ataque ao ônibus do Fortaleza na última quinta-feira (22), após jogo contra o Sport pela Copa do Nordeste, em Recife, provocou cerca de 1200 lesões nos jogadores feridos. A informação chocante foi revelada pelo médico Cláudio Maurício, diretor do departamento de performance do clube.
"Nós estamos falando de seis atletas periciados. Dos seis, eu acompanhei pelo menos 1200 lesões nesses atletas. A natureza das lesões fala por si só. Temos lesões contusas, perfurantes, queimaduras de segundo grau, lesões com deformidade definitiva. Temos lesões que não vão se apagar mais, que são cicatrizes definitivas", disse Cláudio ao "Fantástico".
"Não tenho dúvidas de que não estamos hoje velando alguém por segundos ou pela mão de Deus. Porque muitas das lesões poderiam ser fatais por centímetros", completou.
O médico também deu detalhes sobre o lateral Gonzalo Escobar, que foi o mais ferido no atentado. O argentino precisou levar 13 pontos entre a boca e a sobrancelha e sofreu um traumatismo cranioencefálico.
"A situação do Escobar é de dar dó, o que ele está passando nesses primeiros dias. No primeiro momento ele não tinha condição nem de ir ao hospital mais especializado. Ele foi para o hospital mais próximo e deu entrada na UTI até recobrar a consciência e poder ter os primeiros cuidados", contou o diretor.
Cláudio Maurício abordou ainda como o clube está apoiando seus atletas no lado psicológico após o ataque.
"A gente fez uma brigada, uma força-tarefa para conseguir dar esse suporte psicológico para eles. Nem todos os atletas têm família aqui, alguns tem, alguns uma parte apenas. A gente tem tentado ir à casa deles para dar esse suporte, mas também trazê-los para o clube, até porque o convívio com os colegas ajuda. Às vezes vai ficar isolado, você fica revivendo aqui, na sua mente, não dorme bem, acorda mal. Estamos oferecendo suporte psiquiátrico, com medicação para quem a gente acha que tem indicação nesse momento. E assim vamos tentar aos poucos reintegrá-los, mas respeitando a dor de cada um", finalizou.
Após o atentado, o Fortaleza voltou aos treinos no último sábado (24). O clube nordestino decidiu abrir os portões do centro de treinamento para a torcida, que lotou o local para apoiar os jogadores.