Os Jogos Olímpicos de 2024 acontecerão em Paris, na FrançaAFP
Ministro dos Esportes da Rússia garante que país não boicotará as Olimpíadas de Paris
Atletas russos, entretanto, apenas poderão atuar em categorias individuais e com bandeira neutra
A Rússia não deve "boicotar" os Jogos Olímpicos de Paris, garantiu nesta quarta-feira (13) o seu ministro dos Esportes, Oleg Matytsin, apesar das restrições impostas à participação dos atletas russos como reação à campanha militar na Ucrânia.
"Não devemos virar as costas, nos fecharmos, boicotar este movimento", declarou o ministro durante uma reunião que abordou os Jogos Olímpicos de Paris-2024, segundo a agência estatal Tass.
Estas declarações dissipam meses de especulação sobre a resposta russa às condições impostas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), no início de dezembro, à participação de atletas russos e bielorrussos na competição em Paris.
O COI autorizou que estes esportistas participem nos Jogos de 2024 (26 de julho a 11 de agosto), mas com bandeira neutra, apenas em categorias individuais e desde que não tenham apoiado ativamente a ofensiva russa na Ucrânia, um ponto verificado primeiro pelas federações internacionais e depois pelo comitê.
Como obstáculo final, os atletas terão que passar por provas de classificação, embora algumas federações internacionais tenham feito sua reintegração muito tarde e outras, como o atletismo, mantenham sua exclusão total.
Moscou, que criticou em várias ocasiões os critérios, que considera "humilhantes" e "discriminatórios", não recomendou formalmente que seus atletas disputem ou não os Jogos Olímpicos de Paris.
"Ir ou não ir? As condições devem ser cuidadosamente analisadas", declarou o presidente russo, Vladimir Putin, em dezembro, quando apenas oito russos e três bielorrussos atendiam aos critérios do COI.
Contudo, após os rumores de um suposto boicote da Rússia agitarem o mundo esportivo, Oleg Matytsin afirmou que "na medida do possível, devemos preservar a possibilidade de dialogar e de participar em competições".
O ministro disse que aguarda a próxima reunião da comissão executiva do COI, entre 19 e 21 de março.
"Veremos qual será a decisão final do COI (...) mas até agora a posição é que não há novas recomendações ou regulamentos", disse.
O COI sempre apresentou sua decisão de dezembro como final, mas ainda precisa abordar um ponto: a presença de russos e bielorrussos durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, após a proibição destes esportistas pelo Comitê Paralímpico Internacional nos Jogos que começam em 28 de agosto na capital parisiense.
Além disso, a organização está atenta às competições criadas pela Rússia, como os Jogos do Futuro, os Jogos do Brics, em Kazan, ou os Jogos Mundiais da Amizade, que serão realizados de 15 a 29 de setembro em Moscou e Ekaterimburgo, todos com um risco associado de dividir o esporte internacional.
Antes da ofensiva contra a Ucrânia, a Rússia já tinha uma participação limitada nos Jogos Olímpicos devido a uma série de escândalos de doping institucional, que envolveram vários atletas e dirigentes russos.
Apesar das muitas evidências, o Kremlin negou qualquer sistema de doping organizado e também chamou as sanções de medidas punitivas anti-Rússia.