Anderson Melo é atleta de vôlei de praiaReprodução

Rio - O atleta Anderson Melo denunciou caso de homofobia durante uma partida da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife. Os episódios aconteceram ao longo da semana, mas o carioca expôs a situação apenas no último sábado (16), em publicação nas redes sociais com coletânea de vídeos com gritos de torcedores locais.
Anderson forma dupla com o goiano Lyan, e a partida foi disputada contra o amazonense Luizão Corrêa e o pernambucano Fabiano Melo, que venceram por 2 a 0, nas oitavas de final do circuito. Ao O DIA, o atleta
"Homofobia é crime. Eu me senti muito mal durante o jogo, pois não conseguia entender o motivo de aquilo estar acontecido. Durante o jogo só vinha a mãe na minha cabeça. Ela tinha medo de como me tratariam. Eu jogo vôlei há 20 anos, nunca tinha passado por essa situação, e, seis meses após minha mãe ter falecido, aconteceu esse absurdo. Eu chorava. Me sentia sozinho. Estava custando a acreditar que estava acontecendo", disse Anderson.
Os vídeos publicados pelo atleta de vôlei mostram torcedores locais, que apoiaram a dupla vencedora, gritando frases como "é mulher ou não é?", "saca na bicha", "usa calcinha ou não usa?". Anderson destacou que as imagens da transmissão pioraram o cenário, e como os ataques o abalaram até mesmo na hora da denúncia pela web.
"Quando vi e ouvi no vídeo, foi pior do que quando estava dentro de quadra. Não consigo entender como o ser humano tem a coragem e a capacidade de ofender ou humilhar de forma gratuita e ainda achar graça nisso. Me senti muito mal ao ponto de só conseguir ter forças de expor isso no sábado (16) na parte da manhã", afirmou. 
Em sua conta oficial no Instagram, Anderson publicou uma mensagem de repúdio sobre o caso, lamentando o ocorrido, e recebeu diversas mensagens de apoio. A comunidade do vôlei nacional (incluindo atletas de quadra) abraçou o carioca, que se sentiu acolhido neste momento.
"Eu me senti muito abraçado. Eu vi ídolos me mandando mensagem, se solidarizando mostrando que não estou sozinho nessa. São pessoas que praticam o mesmo esporte que eu, que estão no mesmo ambiente e também poderiam ser alvos de quaisquer preconceitos. Cada palavra que eu recebi foi muito importante. Me mostrou que não estou sozinho", finalizou.
CBV irá ao Ministério Público
Após o caso e a repercussão, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) lamentou os ataques homofóbicos sofridos por Andersos no Nordeste e apresentará todas conversas com a arbitragem da partida e informações coletadas ao Ministério Público de Pernambuco (MP-PE).