Rio - O Ministério Público da França reabriu uma investigação para apurar se há discriminação por parte do Paris Saint-Germain no recrutamento de novos jogadores. O caso, iniciado anos atrás, foi reaberto em maio deste ano e teria como fundamento a denúncia de que os olheiros do clube francês traçaram perfis de potenciais jogadores com base em suas origens.
A reabertura da investigação foi confirmada pelos promotores franceses à agência de notícias The Associated Press. Inicialmente, o caso foi encerrado em agosto de 2022. Mas foi retomado após nova queixa de "discriminação com base na origem e armazenamento informatizado de dados que revelam origens raciais ou étnicas".
A lei francesa proíbe o armazenamento de dados pessoais que revelem as origens raciais ou étnicas das pessoas. Apesar disso, o PSG já reconheceu que formulários com conteúdo ilegal foram utilizados no período entre 2013 e 2018. Mas rejeitou a responsabilidade pela política depois que o site Mediapart informou que os olheiros do clube eram orientados a mencionar a origem de potenciais novos jogadores em quatro categorias: "Francais" (francês), "Maghrebin" (Norte de África), "Antilhais" (Índia Ocidental) e "Afrique noire" (Africano Negro).
A primeira investigação do MP foi iniciada após denúncia da Liga Francesa dos Direitos Humanos, depois que o PSG afirmou que uma apuração interna não encontrou "nenhum caso comprovado de discriminação". O conselho de ética da Federação Francesa de Futebol também investigou o assunto e a comissão disciplinar da liga multou posteriormente o PSG em 100 mil euros (cerca de R$ 615 mil, no câmbio atual).
A liga também aplicou uma multa condicional de 10 mil euros ao ex-diretor da academia do PSG, Bertrand Reuzeau. Marc Westerloppe e Pierre Reynaud, responsáveis pelo recrutamento do PSG, receberam multas, também condicionais, de 5 mil euros - as punições são aplicadas na prática se houver reincidência.
A Mediapart e o programa de TV francês "Envoyé Special" afirmaram que um jovem jogador negro foi ignorado pelo PSG por causa de sua cor. Após uma investigação baseada nos documentos do "Football Leaks", o Mediapart disse que o meio-campista Yann Gboho, de 17 anos, que joga pela seleção francesa sub-18, foi desconsiderado pelo PSG quando tinha 13 anos, e a administração do clube decidiu encobrir "aqueles implicado no escândalo".
Num outro caso de racismo, em 2011, o cenário futebolístico do país foi abalado por revelações do Mediapart de que o então técnico da seleção, Laurent Blanc, e outros discutiram cotas informais que limitavam o envolvimento de jovens jogadores negros e árabes na seleção nacional.
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