Luto! Ídolo do Botafogo, Mendonça morre após dois meses internado em estado grave - Arquivo O Dia
Luto! Ídolo do Botafogo, Mendonça morre após dois meses internado em estado graveArquivo O Dia
Por Fernando Faria
Rio - A torcida do Botafogo perdeu ontem um dos seus eternos camisas 8: morreu Mendonça, ex-meia que brilhou jogando pelo clube nos anos 1970 e comecinho de 1980, época de vacas magras e de enorme jejum de títulos. Ele foi derrotado na batalha pela vida, depois de passar cerca de dois meses internado no CTI do Hospital Albert Schweitzer em consequência da queda de uma escada na estação de trem Guilherme da Silveira, em Bangu, bairro em que foi criado. Não resistiu a complicações causadas por uma infecção.

Nascido em 23 de maio de 1956, Milton da Cunha Mendonça estava com 63 anos. Com a camisa alvinegra, entrou em campo 340 vezes e marcou 116 gols, entre 1975 e 1982. Também jogou por Palmeiras, Santos e Grêmio, entre outros clubes.

Mendonça conseguiu algo incrível: a idolatria da torcida alvinegra num período sem taças. Uma de suas grandes glórias foi ficar 52 jogos invicto com o Botafogo, entre 1977 e 1978, recorde no futebol nacional. Era um meia de técnica refinada, ótimo cobrador de faltas e pênaltis. Tinha talento para ser o 10, mas vestia a camisa 8. Chegou à seleção brasileira num momento em que os craques sobravam no futebol.

No dia 19 de abril de 1981, fez a jogada que imortalizou sua carreira e que, certamente, já foi vista por qualquer torcedor que se digne a se declarar botafoguense. Nas quartas de final do Campeonato Brasileiro, em jogo em que já havia marcado o primeiro gol, 'entortou' outro craque, Júnior, lateral do Flamengo, aos 43 do segundo tempo, e fechou a inesquecível vitória por 3 a 1, diante de mais de 135 mil pessoas no Maracanã.

"Acho que ele (Júnior) também nunca vai esquecer aquele dia. Tenho certeza de que toda vez que deita para dormir pensa em mim", brincou, em entrevista ao site Museu da Pelada. E acrescentou: "Não sei por que a torcida do Botafogo gosta tanto de mim. Nunca dei um título a eles".

Erguer taças, claro, importa muito, mas não é tudo. O futebol se faz de vitórias, de jogos inesquecíveis, de ídolos, de amor à camisa. E isso Mendonça nunca deixou de ter. Como também jamais escondeu sua paixão: "Não sou jogador do Botafogo, sou torcedor do Botafogo". Descanse em paz. Ídolos não morrem...