Graças a Deus pude chegar bem no futebol espanhol. Eu vinha treinando regularmente quando ainda estava no Brasil e me preparando bem para quando a oportunidade surgisse. Fiquei surpreso com a minha rápida adaptação, pois achei que demoraria mais tempo. Felizmente deu tudo certo.
Como foi a comemoração no vestiário após o time conquistar o acesso?
Foi uma festa muito grande. Uma mistura de alívio com a sensação de trabalho bem feito. Ficamos felizes, pois todos se dedicaram com bastante empenho e precisávamos desse momento de alegria.
Como está a adaptação na Espanha? A diferença na estrutura para os clubes do Brasil é muito grande?
A adaptação foi muito boa e também muito rápida. Fui bem recebido por todos e isso facilitou demais. Temos uma ótima estrutura com o mesmo nível de clubes grandes do Brasil.
Como é o carinho dos espanhóis com os jogadores brasileiros?
O carinho deles é inexplicável. É um povo muito alegre, de bem com a vida. Fico feliz demais com tudo isso que vem acontecendo comigo desde que cheguei por aqui.
Em 2016, você foi emprestado e dispensado do Volta Redonda, mal jogou. Estava afastado, e o Ricardo Gomes deu uma chance para você, que entrou e fez gol de classificação na Copa do Brasil sobre o Bragantino. Não acha que o Botafogo deveria te dar mais espaço?
Foi um momento complicado em minha carreira. Em alguns momentos você trabalha, mas infelizmente as coisas não acontecem da maneira que a gente espera. O elenco tinha jogadores de qualidade e acabei perdendo espaço. Mas trabalhei como se estivesse integrado e quando tive a minha oportunidade pude corresponder a confiança depositada em mim.
Não guardo mágoas. Acredito que tudo que aconteceu acabou servindo para o meu crescimento como pessoa e atleta. Pude amadurecer e saber superar os momentos difíceis. Fiquei decepcionado com algumas pessoas que estão lá hoje e com algumas atitudes delas em relação a minha saída, mas com o clube o meu carinho será eterno. Sou grato ao Botafogo por tudo que alcancei em minha carreira.
O Botafogo chegou a dificultar a sua ida para o Cartagena mesmo não querendo te aproveitar no time?
Em cima da hora surgiu uma outra proposta, que era boa apenas para o clube e isso acabou ocasionando em algumas divergências. Conversei com os meus empresários e decidimos não aceita-la. Depois veio a possibilidade do Cartagena e várias dificuldades foram criadas pelo Botafogo na hora da liberação em definitivo. Por sorte não me atrapalhou e consegui ser inscrito a tempo para disputar a final do Playoff e conquistar o acesso aqui na Espanha.
Antes de você ser emprestado ao Cartagena, o Botafogo queria te levar para o futebol dos Estados Unidos e um clube asiático. Pode contar os bastidores dessa história e contar porque escolheu o Cartagena?
Eram situações que não iriam me favorecer pensando na minha carreira. Tinham até bons valores financeiros envolvidos, mas naquele momento não era o que eu queria para o meu futuro. O Cartagena surgiu e decidi que era um novo desafio que eu estava precisando.
Você acha que o fato de o Botafogo não pagar em dia atrapalhou diretamente o seu desempenho e dos demais atletas?
Acredito que não, pois era um grupo de homens e que assumiam as suas responsabilidades. Mas é uma situação chata e que ninguém gosta de passar. Todos nós somos trabalhadores e temos os nossos compromissos também. Fiquei sem receber salários em alguns momentos, mas sempre continuei focado e cumprindo o meu dever diariamente. Infelizmente é um problema que atrapalha muitos clubes no futebol brasileiro ainda. Felizmente hoje estou num clube estruturado, que paga em dia e oferece tudo o que o atleta precisa para ter um bom rendimento dentro das quatro linhas.
Você, como ex-jogador do Botafogo, acha justo o clube dever jogadores, ter funcionários passando necessidades e ainda fazer contratações de peso, como Honda e Kalou?
Isso é uma coisa que fica mais a cargo de quem está no comando do clube. De longe fico apenas na torcida para que o Botafogo consiga se organizar melhor e honrar os compromissos. É um clube gigante e que merece voltar a ter seu lugar como protagonista. Acho que as pessoas que hoje comandam o clube poderiam ter um pouco mais de carinho, principalmente com os jogadores formados na base do clube. Cheguei lá com 14 anos e tive uma saída muito conturbada do clube. Se não me queriam mais, não precisavam ter dificultado tanto a minha liberação. Estava apenas buscando trilhar o meu caminho.