Vinicius Tanque - Divulgação Cartagena FC
Vinicius TanqueDivulgação Cartagena FC
Por Venê Casagrande
Rio - Após passar por momentos complicados na carreira, Vinicius Tanque reencontrou a felicidade no Cartagena. Embora tenha atuado em poucos jogos pelo time espanhol - quatro no total -, o atacante, ex-Botafogo, marcou dois gols e ajudou a equipe a conseguir o acesso à Segunda Divisão do Campeonato Espanhol, após oito anos de espera.
Antes do início avassalador no Cartagena, Vinicius Tanque teve que encarar as dificuldades. Desde que retornou ao Botafogo, após ser emprestado ao Mafra, de Portugal, o atacante entrou em campo 19 vezes com a camisa alvinegra, em 2019, e uma vez em 2020 antes de ser afastado pela diretoria.
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Feliz com a nova fase na carreira, Vinicius Tanque conversou com exclusividade com o Jornal O Dia. O atacante de 25 anos comemorou o bom momento no Cartagena, falou sobre a rápida adaptação, agradeceu ao Botafogo, criticou dirigentes alvinegros que, segundo ele, dificultaram a sua ida para a Espanha, e relembrou os tempos difíceis no clube carioca.
Tanque sendo abraçado pelos companheiros de Cartagena - Divulgação Cartagena FC
Em pouco tempo na Espanha, você já conseguiu mostrar o seu cartão de visita: três jogos, dois gols e subiu para a primeira divisão. Início melhor do que esperava?

Graças a Deus pude chegar bem no futebol espanhol. Eu vinha treinando regularmente quando ainda estava no Brasil e me preparando bem para quando a oportunidade surgisse. Fiquei surpreso com a minha rápida adaptação, pois achei que demoraria mais tempo. Felizmente deu tudo certo.

Como foi a comemoração no vestiário após o time conquistar o acesso?

Foi uma festa muito grande. Uma mistura de alívio com a sensação de trabalho bem feito. Ficamos felizes, pois todos se dedicaram com bastante empenho e precisávamos desse momento de alegria.

Como está a adaptação na Espanha? A diferença na estrutura para os clubes do Brasil é muito grande?

A adaptação foi muito boa e também muito rápida. Fui bem recebido por todos e isso facilitou demais. Temos uma ótima estrutura com o mesmo nível de clubes grandes do Brasil.

Como é o carinho dos espanhóis com os jogadores brasileiros?

O carinho deles é inexplicável. É um povo muito alegre, de bem com a vida. Fico feliz demais com tudo isso que vem acontecendo comigo desde que cheguei por aqui.

Em 2016, você foi emprestado e dispensado do Volta Redonda, mal jogou. Estava afastado, e o Ricardo Gomes deu uma chance para você, que entrou e fez gol de classificação na Copa do Brasil sobre o Bragantino. Não acha que o Botafogo deveria te dar mais espaço?

Foi um momento complicado em minha carreira. Em alguns momentos você trabalha, mas infelizmente as coisas não acontecem da maneira que a gente espera. O elenco tinha jogadores de qualidade e acabei perdendo espaço. Mas trabalhei como se estivesse integrado e quando tive a minha oportunidade pude corresponder a confiança depositada em mim.
Tanque comemora gol que deu classificação ao Botafogo na Copa do Brasil após vitória por 1 a 0 sobre o Bragantino - Vitor Silva/SSPress/Botafogo
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Você tem mágoa com o Botafogo por não ter te dado muitas oportunidades?

Não guardo mágoas. Acredito que tudo que aconteceu acabou servindo para o meu crescimento como pessoa e atleta. Pude amadurecer e saber superar os momentos difíceis. Fiquei decepcionado com algumas pessoas que estão lá hoje e com algumas atitudes delas em relação a minha saída, mas com o clube o meu carinho será eterno. Sou grato ao Botafogo por tudo que alcancei em minha carreira.

O Botafogo chegou a dificultar a sua ida para o Cartagena mesmo não querendo te aproveitar no time?

Em cima da hora surgiu uma outra proposta, que era boa apenas para o clube e isso acabou ocasionando em algumas divergências. Conversei com os meus empresários e decidimos não aceita-la. Depois veio a possibilidade do Cartagena e várias dificuldades foram criadas pelo Botafogo na hora da liberação em definitivo. Por sorte não me atrapalhou e consegui ser inscrito a tempo para disputar a final do Playoff e conquistar o acesso aqui na Espanha.
Vinicius Tanque - Divulgação Cartagena FC


Antes de você ser emprestado ao Cartagena, o Botafogo queria te levar para o futebol dos Estados Unidos e um clube asiático. Pode contar os bastidores dessa história e contar porque escolheu o Cartagena?

Eram situações que não iriam me favorecer pensando na minha carreira. Tinham até bons valores financeiros envolvidos, mas naquele momento não era o que eu queria para o meu futuro. O Cartagena surgiu e decidi que era um novo desafio que eu estava precisando.

Você acha que o fato de o Botafogo não pagar em dia atrapalhou diretamente o seu desempenho e dos demais atletas?

Acredito que não, pois era um grupo de homens e que assumiam as suas responsabilidades. Mas é uma situação chata e que ninguém gosta de passar. Todos nós somos trabalhadores e temos os nossos compromissos também. Fiquei sem receber salários em alguns momentos, mas sempre continuei focado e cumprindo o meu dever diariamente. Infelizmente é um problema que atrapalha muitos clubes no futebol brasileiro ainda. Felizmente hoje estou num clube estruturado, que paga em dia e oferece tudo o que o atleta precisa para ter um bom rendimento dentro das quatro linhas.

Você, como ex-jogador do Botafogo, acha justo o clube dever jogadores, ter funcionários passando necessidades e ainda fazer contratações de peso, como Honda e Kalou?

Isso é uma coisa que fica mais a cargo de quem está no comando do clube. De longe fico apenas na torcida para que o Botafogo consiga se organizar melhor e honrar os compromissos. É um clube gigante e que merece voltar a ter seu lugar como protagonista. Acho que as pessoas que hoje comandam o clube poderiam ter um pouco mais de carinho, principalmente com os jogadores formados na base do clube. Cheguei lá com 14 anos e tive uma saída muito conturbada do clube. Se não me queriam mais, não precisavam ter dificultado tanto a minha liberação. Estava apenas buscando trilhar o meu caminho.