Landim se irrita com o rumo das negociações por reforços no FlaThiago Ribeiro / AGIF
A equipe catarinense foi muito bem armada por seu treinador Cláudio Tencati e surpreendeu o técnico Tite com um meio de campo forte na marcação e mais numeroso que o meio de campo rubro-negro, que contava com o chileno Erick Pulgar e os uruguaios Nicolas De La Cruz e Arrascaeta.
Com um número menor de jogadores no meio, sem características de marcação e com Erick Pulgar em temporada de qualidade duvidosa, o Flamengo se viu perdido em sua saída de bola e na criação de jogadas.
Gerson mais uma vez se desdobrava para ajudar na condução da equipe ao ataque e na marcação dos adversários quando o time rubro-negro estava sem a bola, mas não foi o suficiente para evitar que a equipe catarinense marcasse seu gol, inaugurando o placar.
O meio de campo do Flamengo é um dos melhores meios de campo da América do Sul do ponto de vista ofensivo. Nico, Arrascaeta e Gerson possuem qualidades que se completam e que raramente serão encontradas em outro time.
Entretanto, o poder de jogo sem a bola do Flamengo fica muito comprometido quando Arrascaeta e Pulgar não conseguem ajudar na retomada da bola, ficando apenas com Gerson e Nico numa marcação mais pesada.
Por isso, era fundamental o Flamengo contratar mais um meia que pudesse atuar como segundo homem de meio de campo, ou até mesmo como um meia armador, fazendo um box-to-box que Arrascaeta apesar de o seu imenso talento, é incapaz de fazer.
E essa era a missão declarada de Marcos Braz nesta janela de meio de ano. Conseguir ao menos um meia box-to-box para compor o setor rubro-negro.
A primeira escolha foi a de Marcos Antônio, da Lázio. O jogador que estava emprestado ao PAOK retornava do empréstimo do clube grego e estava fora dos planos da equipe italiana, que via com bons olhos a negociação do jogador com o Flamengo.
O jogador também queria se transferir para o rubro-negro carioca e aguardou pacientemente em Poções, na Bahia, que tudo se concretizasse entre Lázio e Flamengo.
Mas o Flamengo viu duas oportunidades melhores (e mais difíceis) de mercado e resolveu apostar alto nas mesmas.
Claudinho e Lucas Paquetá pintaram como boas oportunidades para o Fla, que resolveu então colocar Marcos Antônio em segundo plano e partir para voos mais ousados na procura por Paquetá do West Ham e Claudinho do Zenit.
Em conversas com o West Ham, Marcos Braz viu a impossibilidade do Flamengo em tentar contratar a estrela do time inglês e deixa nas mãos do jogador qualquer possibilidade de transferência para o Flamengo nesta temporada.
Já com Claudinho do Zenit, a gafe foi internacional. Em entrevista concedida a um canal do YouTube, o vice-presidente de futebol rubro-negro virou chacota na Rússia quando disse que a negociação com o Zenit era complicada, pois estava negociando com um homem que foi presidente da Rússia por cinco anos.
Braz confundiu Dmitri Medvedev com Alexander Medvedev.
Dmitri Medvedev foi, sim, presidente e primeiro-ministro russo, mas não é o presidente do Zenit com quem Marcos Braz deveria estar negociando.
Já o verdadeiro presidente do Zenit, Alexander Medvedev, ironizou o fato de ter sido confundido com o ex-primeiro-ministro russo:
"No Brasil, fui confundido com Dmitri Medvedev? Essa situação só faz você pensar: é esse o Claudinho que eles querem comprar?" ironizou o presidente do Zenit, em entrevista à agência de notícias RIA Novosti.
Sem conseguir as contratações de Claudinho e Lucas Paquetá, Marcos Braz assistiu ainda ao São Paulo atravessar a negociação por Marcos Antônio e mais uma vez dirigentes expuseram a maneira pouco eficaz do dirigente rubro-negro em realizar as negociações.
"Eles (Marcos Braz e Bruno Spindel) apenas falavam os números. Nunca nos enviaram um papel timbrado do clube. Era apenas através dos empresários e na palavra. O São Paulo botou no papel, aceitamos, ele (jogador) aceitou e fechou. Foi isso!" — Disse o dirigente da Lázio em entrevista ao SBT Rio.
As três situações tidas como fracassos desta janela se transformaram em cobranças internas pesadas a Rodolfo Landim, impedindo até a realização de alianças para que Rodrigo Dunshee se fortaleça para a eleição para presidente do Flamengo no final deste ano.
Muito cobrado, Landim perdeu dias de negociações com grupos políticos no Flamengo, tendo que explicar as ações de seu fiel vice-presidente Marcos Braz à frente das negociações por reforços.
A situação é tão complicada que, estrategicamente, Marcos Braz teve que deixar vazar a informação de que sairia do comando de futebol do Flamengo na próxima temporada para não atrapalhar ainda mais a tentativa de Dunshee de se tornar presidente do clube.
Internamente hoje Marcos Braz virou sinônimo de incompetência, pois mesmo com todos os recursos financeiros que o clube rubro-negro aponta ter, o vice-presidente de futebol, não consegue vencer concorrentes brasileiros, inferiorizados financeiramente e ainda atrapalha os planos de Rodolfo Landim à sua sucessão nas eleições rubro-negras.
Mas a janela de transferências segue aberta até o dia 2 de setembro e Landim ainda nutre a expectativa de ver uma reviravolta para conseguir uma contratação de peso para amenizar os estragos criados até o momento por Marcos Braz, na candidatura de Rodrigo Dunshee.
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