BAP toca em pontos fundamentais como compra do Leixões, organização do futebol e construção do estádio do FlamengoDivulgação BAP
Veja os principais trechos da entrevista abaixo:
RRN - BAP, você, Landim e Wallim sempre estiveram juntos. O que aconteceu para haver um rompimento que os colocasse em lados opostos neste momento?
BAP - A primeira coisa que eu entendo é que há momentos diferentes na vida da gente. Em 2012 a situação do Flamengo era uma situação periclitante. Era um S.O.S. Flamengo. Nós estivemos todos juntos com esse propósito. Ao longo do tempo eu sigo pensando da mesma forma com relação à profissionalização, em relação à alteração de governança. A ter uma governança mais inclusiva, um estatuto mais modernizado. A você digitalizar o clube inteiro. Executar uma transformação digital no clube. E o que aconteceu ao longo do tempo em relação à gestão atual, é que o discurso foi ficando parado no tempo, especialmente no segundo mandato. Do jeito que está a gente não vai conseguir ir muito além do que a gente está vendo hoje em dia aí. No caso do Wallim eu acredito que ainda dá tempo da gente estar juntos eventualmente ali na frente. Com a gestão atual infelizmente a gente não pode estar do mesmo lado.
BAP - Eu acho difícil porque o segundo mandato deixou muito claro o que não vai acontecer no Flamengo com essa gestão. Tudo que não foi feito no primeiro mandato foi debitado na conta da tragédia no Ninho e da pandemia. Ficou para ser feito no segundo mandato, e se você olhar o que escrevemos no plano de metas, nada foi executado. Eu sou exatamente o alter-ego disso.
RRN - Essa falta de diálogo pode atrapalhar a transição?
BAP - Não! Eu acho que a transição é outro assunto, porque somos todos Flamengo, e depende de você estar num ambiente civilizado, e da relação que a gente tem hoje em dia, a gente concorda em discordar. E nós discordamos em pontos absolutamente fundamentais.
RRN - Dos profissionais que você reuniu até o momento, quais estão tocando os processos da sua gestão no futebol?
BAP - Companheiros importantes como Dekko (Roisman), como Fábio Palmer, que estiveram comigo no conselho de futebol. Nós sempre fomos muito ativos sobre conversar de futebol, não é de hoje, então é natural que nós estejamos juntos. Então, na prática, no dia-a-dia, eu te diria que Dekko Roisman e Fábio Palmer.
RRN - Como ficaria a estrutura organizacional do futebol na sua gestão?
BAP - Quando se diz sobre a estrutura do Flamengo hoje não significa dizer que cada uma destas peças ou parte destas peças funcionem como nós entendemos que elas deveriam funcionar. O conselho não funciona como deveria, não faz sentido você ter um vice-presidente de futebol amador, que tenha dedicação exclusiva e integral e seja remunerado para o futebol, e nós não temos um diretor de futebol ativo. Então nós teremos um diretor de futebol que vai cuidar do futebol do Flamengo, que será um profissional, e esse diretor de futebol vai responder diretamente ao presidente do clube e eventualmente ao conselho, que se houver, será criado com poucos nomes e a dedo.
RRN - Já há um nome escolhido para diretor de futebol para sua gestão?
BAP - De fato, nós nunca tivemos um diretor de futebol no Flamengo. Tentamos umas duas vezes, mas não conseguimos. Se eu for eleito, nós teremos um diretor de futebol. Enquanto eu estou falando contigo, nós temos 11 frentes de trabalho diferentes. Nós temos planos e estudos em curso. Sobre nomes, o que eu posso te dizer é que temos nomes em curso e o que eu posso garantir a nação é que nós não vamos decepcionar a Nação.
RRN - Recentemente você avaliou o trabalho de Tite como bom. Você ainda acha que Tite fez um bom trabalho até aqui?
BAP - O Tite e qualquer treinador, torcedor acredite nisso, ele é fruto do meio, de uma série de outras coisas. Se você pega uma semente fantástica e coloca num solo que não tá bem trabalhado, a semente não vai florescer bem. O torcedor não pode comprar a ideia de que o culpado é sempre o técnico.
BAP - Primeiramente não vai ter SAF no Flamengo se depender da gente. Nenhum modelo de SAF, ponto. Quem inventou a história de SAF foi o presidente (Rodolfo Landim), cansou de falar a respeito disso, viu o impacto e está tentando voltar atrás. Não vai ter SAF no Flamengo se nós formos eleitos. Quando se pensa numa SAF, a SAF tem dinheiro e profissionalismo. Nós vamos nos inspirar no profissionalismo que a SAF traz. Não há uma linha no estatuto do Flamengo que proíba de se estruturar como uma SAF.
RRN - Sobre a aquisição do Leixões. Por que você é contra a compra do clube português?
BAP - Que tal focar no estádio? Ganhar um Brasileiro todo ano? Eu acho que tem que ter foco. Você tem que ter prioridades na vida. O Flamengo já é o maior vendedor de jogadores do Brasil. É uma piada de mal gosto você achar que comprar um clube de segunda divisão da Europa, quebrado, que vai ajudar em alguma coisa o Flamengo. Isso é de uma desonestidade intelectual ímpar. Eu não sei a que interesses isso está servindo, mas definitivamente não é aos interesses do Flamengo.
RRN - Sobre o estádio do Flamengo. O que vocês já sabem sobre o projeto e como cumpri-lo em caso de vitória?
BAP - Não tem nada (informação) sendo dividido com a gente no clube. Essa que é a realidade. Nós temos pessoas que trabalharam com estádios na Copa do Mundo (2014 no Brasil) e com Olimpíadas, que têm expertise e conhecimento disso, trabalhando enquanto nós estamos conversando aqui. Considerando o que a gente conhece do edital, e de relacionamentos que temos de mercado, no plano de governo que montamos, tem um capítulo explicando que não construiremos o estádio ao custo de detonarmos nossa performance esportiva, muito menos virar SAF. Tem uma visão muito clara lá (plano de governo), sobre aumento de receitas em até 6 anos e aumento de rentabilidade nesse período. A gente acha que acontecendo isso, a gente consegue o dinheiro para construir o estádio e para manter o potencial do futebol e endividar o clube em mais 500 ou 600 milhões de reais, que para um faturamento acima de 2 bilhões de reais, não seria o fim do mundo.
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