Rio - Nesta sexta-feira (4), o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, se manifestou por meio das redes sociais para rebater o presidente do São Paulo, Julio Casares. A polêmica entre as partes se dá pela tentativa do clube paulista de tentar anular o jogo da 25ª rodada do Campeonato Brasileiro, que terminou com vitória do Tricolor das Laranjeiras por 2 a 0.
Mais cedo, Casares alfinetou o Flu ao afirmar que "teve time que subiu passando por cima da regra". Foi uma referência a 1999, quando o Tricolor Carioca conquistou a Série C e foi beneficiado pelas mudanças no torneio, disputando a primeira divisão em 2000, sem passar pela Série B.
Dessa forma, Mário Bittencourt reforçou seu posicionamento sobre uma possível anulação da partida entre as equipes, válida pelo Brasileirão, e ainda citou o caso Sandro Hiroshi.
Veja a nota de Mário Bittencourt:
Lamento a entrevista do Presidente do São Paulo. Demonstra desconhecimento sobre STJD, sobre o Fluminense e o São Paulo. Em entrevista recente fui perguntado sobre o tema e falei que, do ponto de visto jurídico, achava absurdo o pedido de tentar anular a partida por ALEGADO erro de arbitragem. Alegado porque, no lance, a falta foi a favor do Fluminense que não se beneficiou.
Todos os princípios desportivos foram cumpridos sem interferência no resultado. Esses são os fatos. Já a memória do Presidente Júlio, por quem tenho o maior respeito, vou refrescar um pouco. Em 96, um escândalo de arbitragem envolvendo outros clubes gerou o não rebaixamento de Fluminense e Bragantino. Por isso jogamos a série A em 97. Em 99, novo problema envolveu justamente o clube do Presidente.
Quem não se lembra do São Paulo ter escalado jogador com identidade adulterada (Sandro Hiroshi) para ganhar do Botafogo e depois ver os pontos revertidos ao clube do Rio? A ação na justiça comum foi do Gama para que o Botafogo fosse rebaixado o que gerou a Copa João Havelange. Como os pontos foram dados ao Botafogo, o clube de Brasília foi à justiça e impediu a realização do campeonato do ano 2000. Viu Presidente? Por uma irregularidade do São Paulo não houve rebaixamento em 99 e o beneficiado direto não foi o Fluminense.
Por fim, em 2013, dois clubes escalaram jogadores irregulares na última rodada e foram denunciados pelo STJD. O Fluminense foi terceiro interessado e exigiu apenas o cumprimento da regra, que previa a retirada de pontos dos clubes infratores. Em nenhum dos casos o Fluminense infringiu a regra. Exatamente como agora onde venceu por 2 x 0, sem nenhum erro que o beneficiasse.
Imagine, Presidente Júlio, se a 'moda pega' e a cada rodada os clubes adotem medidas como a sua? Terminaremos o campeonato quando? Assim que vamos falar em Liga? Ao longo de 2023 o Fluminense foi prejudicado diversas vezes, mas não buscou anular partidas no STJD. Presidente Júlio, vamos usar menos a mídia e as redes sociais e trabalhar pelo futebol brasileiro. Você é muito importante para o futuro da Liga!!
Caso Sandro Hiroshi
O jogador do São Paulo adulterou a data de nascimento e acabou suspenso por 180 dias pelo STJD. A situação também teve reflexos dentro de campo. Em 1999, o Tricolor Paulista perdeu os três pontos da goleada por 6 a 1 sobre o Botafogo por causa do ocorrido.
O Glorioso, inclusive, ficou com os pontos, o que foi suficiente para evitar o rebaixamento. Assim, o Gama cairia, mas recorreu à Justiça Comum e garantiu a permanência na elite.
Em meio a isso, a CBF ficou impedida de organizar o Campeonato Brasileiro de 2000. Desse modo, o extinto Clube dos 13 organizou a Copa João Havelange, que contou Botafogo, Gama e alguns times que estavam na Série B, como o Fluminense.
Polêmica entre Flu e São Paulo
O São Paulo entrou com pedido para anular a partida contra o Fluminense, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro, disputada no dia 1º de setembro. O clube paulista acionou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e o caso é analisado pelo presidente Luís Otávio Veríssimo Teixeira.
O clube do Morumbi acredita que o árbitro Paulo Cesar Zanovelli cometeu um erro ao validar o gol de Kauã Elias, que abriu a vitória do Fluminense. Na origem do lance, o árbitro deu vantagem para o Flu após falta de Calleri em Thiago Santos.
No entanto, Thiago Silva ajeitou a bola com a mão e cobrou falta. O árbitro foi ao VAR, mas validou o gol da equipe comandada por Mano Menezes.
Em análise divulgada pela CBF, Paulo Cesar Zanovelli é questionado pela equipe que está na cabine do VAR e diz que viu a falta de Calleri, mas que optou por dar vantagem: "Para mim, disputa de espaço entre Calleri e Thiago Santos. Calleri segura o Thiago, eu dou vantagem da falta do Calleri. Era falta para o Fluminense".
Na sequência, um dos auxiliares fala para o árbitro que Thiago Silva, por entender que tinha sido marcada a falta, coloca a mão na bola para reiniciar a partida. A partir disso, o VAR sugere que o árbitro veja o lance no vídeo.
Enquanto assiste, Paulo Cesar Zanovelli reforça que viu a falta de Calleri. Quando Thiago Silva coloca a mão na bola, porém, ele se contradiz.
"Eu ia dar a vantagem, o jogador (Thiago Silva) para e bate a falta. Eu dou sinal de falta. Deixa rolar, eu falo agora. Vamos seguir. Eu dei a vantagem, eu segui. É gol legal, tá, Igor (Junio Benevenuto, o VAR)?", diz, antes de sair do monitor.
Na noite da última quinta-feira (3), Paulo Cesar Zanovelli foi suspenso por 15 dias pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A decisão cabe recurso junto ao Pleno, última instância do tribunal.
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