Rio - O presidente do São Paulo, Julio Casares, rebateu a crítica do presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, por conta do pedido de anulação do duelo entre as duas equipes no Brasileirão. Após o mandatário tricolor reclamar que o Brasileirão estava "voltando à década de 90, quando o campeonato não acabava", Casares alfinetou o time carioca em entrevista nesta sexta-feira (4) fazendo clara alusão a 1999, quando o Flu conquistou a Série C e foi beneficiado pelas mudanças no torneio, disputando a primeira divisão em 2000, sem passar pela Série B.
"Eu vi a declaração do Mário Bittencourt, um amigo, gosto dele como dirigente, mas acho que ele derrapou. Se a gente voltar aos anos anteriores, vamos observar que times subiram para as divisões especiais passando por cima da regra estabelecida. Isso sim seria voltar a tempos atrás. Estamos trabalhando em cima do que a lei nos permite. O São Paulo está lutando porque foi um erro claro de direito. Se não for discutido, vamos anular essa cláusula", disse Julio Casares.
"Se tem um erro de direito tão claro e demonstrado e ele não for analisado, para que existem esses homens sérios no STJD para analisar isso? É melhor extirpar essa cláusula. Acaba com erro de direito, ela nunca será colocada em prática. Se existe e ficam falando que pode ser um mal para o futebol, então tira a cláusula, ela não é mais exequível. Acho que o Mário derrapou, a vida da gente às vezes a gente erra na emoção", completou.
Segundo o presidente do São Paulo, a atitude do clube de ir ao STJD tem o objetivo de buscar uma melhora na arbitragem brasileira.
"Não estamos trabalhando contra o Fluminense, estamos trabalhando em favor da arbitragem, do futebol e até da CBF. Está tão clara a catástrofe da nossa arbitragem, que esperamos ter contribuído. Vamos discutir isso nos âmbitos da Justiça desportivos. Contra o futebol seria se fôssemos à Justiça Comum. Por que existe STJD? É para ser exercido. Seria mal para o futebol ir para a Justiça Comum, isso seria levar futebol aos anos 70, anos 60. Ou inverter resultado que deu na regra do jogo, em que você cai de divisão e depois sobe. Isso sim seria voltar para amadorismo, de quem bate na mesa. Por isso criamos uma Liga. E o Mário Bittencourt será muito importante neste processo", afirmou.
Entenda a polêmica
O São Paulo entrou com pedido para anular a partida contra o Fluminense, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro, disputada no dia 1º de setembro. O clube paulista acionou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e o caso é analisado pelo presidente Luís Otávio Veríssimo Teixeira.
O clube do Morumbi acredita que o árbitro Paulo Cesar Zanovelli cometeu um erro ao validar o gol de Kauã Elias, que abriu a vitória do Fluminense. Na origem do lance, o árbitro deu vantagem para o Flu após falta de Calleri em Thiago Santos.
No entanto, Thiago Silva ajeitou a bola com a mão e cobrou falta. O árbitro foi ao VAR, mas validou o gol da equipe comandada por Mano Menezes.
Em análise divulgada pela CBF, Paulo Cesar Zanovelli é questionado pela equipe que está na cabine do VAR e diz que viu a falta de Calleri, mas que optou por dar vantagem: "Para mim, disputa de espaço entre Calleri e Thiago Santos. Calleri segura o Thiago, eu dou vantagem da falta do Calleri. Era falta para o Fluminense".
Na sequência, um dos auxiliares fala para o árbitro que Thiago Silva, por entender que tinha sido marcada a falta, coloca a mão na bola para reiniciar a partida. A partir disso, o VAR sugere que o árbitro veja o lance no vídeo.
Enquanto assiste, Paulo Cesar Zanovelli reforça que viu a falta de Calleri. Quando Thiago Silva coloca a mão na bola, porém, ele se contradiz.
"Eu ia dar a vantagem, o jogador (Thiago Silva) para e bate a falta. Eu dou sinal de falta. Deixa rolar, eu falo agora. Vamos seguir. Eu dei a vantagem, eu segui. É gol legal, tá, Igor (Junio Benevenuto, o VAR)?", diz, antes de sair do monitor.
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