As sessões terão tradução simultânea em Libras Foto: Divulgação

Macaé - Nesta quinta-feira (26), o espaço cultural CIEMH2, em Macaé, dará início às apresentações de “Árvore Crianceira Dá Frutos a Vida Inteira”, uma contação de histórias voltada para os alunos da rede municipal de ensino. O espetáculo, marcado para às 14h, será seguido por uma sessão aberta ao público no sábado (28), às 16h. Após uma exitosa passagem pelo Rio de Janeiro, o projeto, financiado pela Lei Paulo Gustavo, chega ao interior do estado com o intuito de proporcionar boas memórias aos espectadores.
A contadora de histórias, Júlia Soares, enfatiza a importância de respeitar as vivências de cada criança, pois é durante a infância que se forma o caráter humano. “Conto histórias para promover encontros, permitindo que as pessoas se conectem e eu também as encontre. Essas conexões são essenciais para harmonia e respeito”, declara a narradora.
Com as crianças como protagonistas, a apresentação resgata narrativas que envolvem os primeiros anos de vida, entrelaçando o afeto familiar e as tradições. Com relatos que vão desde brincadeiras de rua até a receita do bolo de fubá na casa da avó, o espetáculo utiliza a ludicidade para explorar momentos significativos do universo infantil.
Júlia ressalta a importância de criar laços consigo mesmo e de promover conexões com os outros. “As histórias são aliadas na fase mais crucial da vida: a infância. Elas colaboram para o desenvolvimento cognitivo, a linguagem e a construção da inteligência emocional”, afirma.
O repertório é composto por contos de tradição oral, incluindo duas narrativas de origem indígena. O título do projeto é inspirado na frase do escritor moçambicano Mia Couto: “Uma única certeza demora em mim: O que em nós já foi menino não envelhecerá nunca”, extraída do poema “Declaração de bens”, que reflete o entusiasmo infantil que perdura na vida adulta.
Para Júlia, a narração de contos é uma celebração da troca entre as pessoas. “Nos contos, encontramos versões de nós mesmos e a oportunidade de partilhar o que temos de mais precioso: tempo e presença”, diz. Ela acredita que as histórias oferecem um suporte emocional às crianças, ajudando-as a enfrentar os desafios do crescimento. “Muitas vezes, as crianças vivem dilemas semelhantes aos dos adultos, mas não sabem como expressar isso. As histórias servem como espelhos respeitosos, permitindo que elas se reconheçam simbolicamente.”
A contadora também destaca a importância de quebrar estereótipos e mitigar preconceitos através das narrativas. “O objetivo é transportar o público para um espaço mais leve. É essencial que as crianças explorem e liberem a imaginação, especialmente em uma era dominada pela gratificação instantânea da internet. Essa construção de persistência é fundamental”, afirma.
Júlia espera que o público se divirta e aprenda a acolher a infância com mais carinho. “Cada criança carrega uma poesia que precisa ser expressada. Desejamos que elas se sintam felizes por serem quem são e que suas existências sejam celebradas. Queremos que todos brinquem com as histórias e participem das brincadeiras que fazem parte da apresentação.”
As sessões do espetáculo contarão com tradução simultânea em Libras e mediação especializada para pessoas no espectro autista ou neurodivergentes. O espaço já implementou medidas de acessibilidade, como rampas, iluminação adequada e banheiros adaptados.