Central de Taishan, no sul da China, em 8 de dezembro de 2013 AFP/Arquivos

Por AFP
Inaugurada há dois anos no sul da China, a central nuclear de Taishan está sob vigilância por um problema em um circuito de um de seus reatores EPR, construídos em parceria com a francesa EDF.
A operadora chinesa garante que as emissões para o ambiente estão "normais".
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Um dos reatores "produziu emissões atmosféricas" de gases nobres, mas "respeitando os limites definidos pelas autoridades de segurança chinesas", disse a francesa EDF.
"Não estamos em uma dinâmica de acidente com fusão do núcleo", afirmou em entrevista coletiva o porta-voz do grupo francês.
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Dessa forma, a EDF relativizou a gravidade do problema, após a rede CNN reportar um possível vazamento.
A emissão dos chamados "gases nobres" - por exemplo xenônio ou argônio, que são gerados durante a fissão nuclear - detectada no circuito primário do reator, seria causada por "uma degradação do revestimento" de alguns elementos físseis, explicou a EDF, sem especificar quantos desses elementos foram afetados.
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Um reator do tipo EPR contém 241 conjuntos físseis, cada um consistindo de 265 elementos ou hastes.
"O circuito é projetado para que sejam coletados e tratados", garantiu a empresa.
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O circuito primário é um circuito fechado contendo água pressurizada, que se aquece na cuba do reator em contato com elementos combustíveis, os quais são empilhados em "hastes" envoltas por bainhas metálicas.
"A presença de determinados gases nobres no circuito primário é um fenômeno conhecido, estudado e previsto pelos procedimentos operacionais dos reatores", havia indicado a empresa mais cedo.
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"Deve haver bainhas metálicas vazando, deixando passar gases nobres que contaminam o fluido primário", comentou a vice-diretora-geral do Instituto Francês para Proteção contra Radiação e Segurança Nuclear (IRSN), Karine Herviou, em conversa com a AFP.
"Dito isso, a contaminação do fluido primário não significa liberação para o meio ambiente", ressaltou, explicando que ainda existem duas barreiras de contenção.
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Ela acrescenta que, nesta fase, não se pode falar em acidente: "Não sabemos os valores, a concentração, não sabemos a extensão do fenômeno. Não há grande preocupação por enquanto, tendo em conta o que nós sabemos".
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com sede em Viena, declarou que "nesta fase" não há "nenhuma indicação de que tenha ocorrido um incidente radiológico".
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Os dois reatores de Taishan, não muito longe de Macau e de Hong Kong, são até agora os únicos EPRs em serviço no mundo. Outros exemplares destes reatores de terceira geração estão em construção na Finlândia, na França e no Reino Unido, mas vários reveses técnicos atrasaram seu comissionamento por vários anos.
A Framatome, subsidiária da EDF que participou da construção dos reatores de Taishan, havia indicado mais cedo que monitora "a evolução de um dos parâmetros operacionais" no local, mas sem dar detalhes, ou falar em vazamento.
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A central "está em seu campo de operação e segurança autorizada", garantiu a Framatome em nota à AFP.
"Ameaça radiológica"
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Com base em uma carta enviada pela Framatome ao Departamento de Energia dos Estados Unidos, a CNN revelou um possível "vazamento" nesta central.
A Framatome teria se dirigido aos Estados Unidos para solicitar autorização de assistência técnica para resolver "uma ameaça radiológica iminente". Não se sabe por que o aval americano é necessário para intervir.
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Ainda de acordo com o canal americano, as autoridades de segurança chinesas também aumentaram os limites aceitáveis de radiação fora do local para evitar o desligamento da usina.
Já a operadora da central, China General Nuclear Power Group (CGN), divulgou um comunicado de imprensa, informando que os indicadores ambientais "normais".
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"Atualmente, o monitoramento contínuo dos dados ambientais mostra que os indicadores ambientais da usina nuclear de Taishan e seus arredores são normais", disse o grupo chinês, que não respondeu aos pedidos de informações da AFP.
O Ministério chinês das Relações Exteriores também não respondeu aos pedidos, assim como a Comissão de Energia Atômica da França.
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A EDF afirma que entrou em contato com a joint venture TNPJVC e "coloca sua expertise à disposição".
O grupo francês disse ter convocado uma reunião extraordinária da entidade detentora da central para apresentar "todos os dados e as decisões necessárias".
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A China tem cerca de 50 reatores em operação, o que coloca o país em terceiro lugar no mundo, atrás de Estados Unidos e França.