Aeroporto de CabulReprodução/Twitter

O secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, confirmou duas explosões nos arredores do aeroporto de Cabul, no Afeganistão, na manhã desta quinta-feira, 26. Há ao menos seis mortos e mais de dez feridos no local. A causa e origem das explosões estão sendo investigadas. 
“Podemos confirmar uma explosão fora do aeroporto de Cabul. O número de vítimas não está claro neste momento. Forneceremos detalhes adicionais quando pudermos”, informou, no Twitter, o secretário de Imprensa do Pentágono, John Kirby. Veja a publicação:
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Em mais uma publicação, Kirby confirmou a existência de vítimas, além  da ocorrência de uma outra explosão. Segundo o porta-voz, este é um "ataque complexo".
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"Podemos confirmar que a explosão no Abbey Gate foi o resultado de um ataque complexo que resultou em várias vítimas americanas e civis. Podemos também confirmar pelo menos uma outra explosão no Baron Hotel ou próximo a ele, a uma curta distância do Abbey Gate. Continuaremos atualizando". Confira:
Segundo o principal hospital de emergências da cidade, pelo menos seis pessoas morreram, e mais de 12 ficaram feridas nas explosões.
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"A todos os nossos amigos afegãos: se estão perto do aeroporto, afastem-se a toda velocidade e fiquem protegidos. Uma segunda explosão é possível", tuitou o embaixador francês no Afeganistão, David Martinon.

Algumas horas antes, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália divulgaram alertas sobre o risco de ataques terroristas na área do aeroporto, a única porta de saída do país. O ministro da Defesa da Austrália, Andrew Hastie, declarou que o "risco de um ataque suicida com explosivos é muito elevado".

O governo britânico afirmou que a ameaça era "grave e iminente", ao mesmo tempo em que pediu a seus cidadãos que evitem a área do aeroporto. Londres indicou que as operações de retirada não foram suspensas e que voos serão organizados ao longo do dia.

Com a proximidade da data-limite estabelecida pelos Estados Unidos para abandonarem o país, 31 de agosto, os governos de França, Holanda e Bélgica anunciaram o fim das operações de repatriação a partir de Cabul, mesmo que isto signifique que algumas pessoas que teriam condições de deixar o Afeganistão ficarão para trás.

Corrida contra o tempo
Apesar da situação caótica no aeroporto, 88 mil pessoas foram retiradas do país desde a criação de uma ponte aérea em 14 de agosto, véspera da entrada dos talibãs em Cabul e da tomada da cidade.

A multidão reunida no aeroporto provocou cenas de caos, e pelo menos oito pessoas faleceram no tumulto. Alguns afegãos que aguardam no local têm passaportes, vistos estrangeiros, ou reúnem condições para viajar, mas a maioria, não.

Vários países solicitaram aos Estados Unidos, em vão, o adiamento da retirada do Afeganistão para permitir a saída de todos os estrangeiros e afegãos sob sua proteção. As operações devem terminar inclusive antes, para que os Estados Unidos consigam repatriar todo seu dispositivo militar que protege o aeroporto.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou a interrupção da operação na sexta-feira à noite, uma data-limite "imposta pelos americanos", de acordo com uma fonte oficial.

"É um momento doloroso, porque significa que, apesar do grande esforço do período recente, pessoas que reuniam condições para serem transportadas para a Holanda ficarão para trás", afirmaram os ministros holandeses das Relações Exteriores e da Defesa, Sigrid Kaag e Ank Bijleveld, respectivamente, ao informarem os últimos voos de retirada para esta quarta-feira.

A Turquia anunciou que começou a retirar seus mais de 500 soldados não combatentes deste território, o que parece descartar a possibilidade de que o país assuma a segurança do aeroporto de Cabul após a saída das tropas americanas.

A ameaça do Estado Islâmico
Em uma reunião de cúpula virtual do G7 na terça-feira, 25, o presidente americano, Joe Biden, apontou a "aguda" ameaça terrorista do braço regional do grupo extremista Estado Islâmico (EI), responsável por alguns dos ataques mais violentos no Afeganistão e no Paquistão nos últimos anos.

Em ambos os países, EI massacrou civis em mesquitas, santuários, praças e até hospitais, além de ter executado ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges, incluindo os xiitas. Embora EI e talibãs sejam sunitas de linha radical, os dois grupos são rivais.

O EI criticou o acordo entre EUA e Talibã que estabeleceu, em 2020, as diretrizes para a retirada das tropas estrangeiras e acusou os talibãs de abandonarem a causa jihadista. Desde que o movimento assumiu o poder em Cabul, vários grupos jihadistas felicitaram o Talibã, mas não o EI.

Em seu retorno ao poder, os talibãs prometeram uma mudança, em comparação com o regime imposto entre 1996 e 2001, quando aplicaram uma interpretação muito rigorosa e radical da lei islâmica.

Apesar da oposição radical à extensão do prazo para a retirada das tropas estrangeiras do aeroporto, o Talibã se comprometeu a permitir a saída dos estrangeiros e afegãos em situação de risco após 31 de agosto.

"Os talibãs se comprometeram, em público e em privado, a administrar e a permitir uma passagem segura para americanos, outros estrangeiros e afegãos em risco no futuro, depois de 31 de agosto", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

Muitos afegãos temem, porém, o retorno ao regime anterior, com represálias violentas contra os que trabalharam para militares estrangeiros, para missões ocidentais, ou para o governo anterior.

A preocupação é ainda maior entre as mulheres, que foram proibidas de estudar e de trabalhar entre 1996 e 2001. Durante o governo anterior dos talibãs, elas eram autorizadas a sair da casa apenas com um acompanhante masculino.
*Com informações da AFP