Edifício residencial danificado na rua Koshytsa, subúrbio da capital ucraniana KievAFP

Kiev - O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, denunciou os disparos de mísseis russos contra Kiev, na madrugada desta sexta-feira (25), que, segundo o prefeito da capital, deixaram pelo menos três feridos.

"Horríveis disparos de mísseis russos sobre Kiev. A última vez que nossa capital experimentou algo semelhante foi em 1941, quando foi atacada pela Alemanha nazista. A Ucrânia derrotou aquele demônio e derrotará este também", declarou Kuleba em uma mensagem em sua conta no Twitter.

Duas fortes explosões foram ouvidas nesta sexta-feira no centro de Kiev, segundo um jornalista da AFP. Os militares ucranianos relataram "disparos de mísseis" russos na capital e a interceptação de dois deles em pleno voo.

O prefeito de Kiev, Vitali Klichko, indicou que três pessoas ficaram feridas, uma delas gravemente, em um bairro residencial a sudeste da capital.

Segundo fontes militares ocidentais, o exército russo está se aproximando de Kiev, onde foi imposto um toque de recolher, com a intenção de "decapitar o governo ucraniano" e instalar um executivo pró-Moscou em seu lugar.
Avanço das tropas russas
As tropas russas se aproximavam de Kiev pelo nordeste e leste, nesta sexta-feira (25), um avanço que se soma à ofensiva pelo norte anunciada no início desta manhã - informa a página do Estado-Maior do Exército ucraniano.

"Tendo sido repelido pelos defensores de Tcherniguiv, o inimigo procura contornar a cidade para atacar a capital. Para isso, ele se lança na direção Kosoltets-Brovary e Konotop-Nezhin-Kiev. Konotop caiu", acrescenta a mesma fonte.
As tropas ucranianas também indicaram que estão lutando contra unidades blindadas russas em duas cidades, Dymer e Ivankiv, localizadas a 45 e 80 quilômetros ao norte de Kiev.
Ataque a áreas civis
O exército russo está atacando áreas civis, denunciou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, ao mesmo tempo que elogiou o "heroísmo" de seus compatriotas diante da invasão e afirmou que as tropas estão fazendo "todo o possível" para defender o país.

"Eles dizem que os civis não são um alvo. Mas esta é outra mentira deles. Na realidade, eles não fazem distinção entre as áreas em que operam", disse Zelensky em um vídeo.

"Esta noite começaram a bombardear bairros civis. Isto nos recorda (a ofensiva nazista de) 1941", completou na mensagem, divulgada nas redes sociais.
Apoio à Ucrânia
Nesta sexta-feira, a França se ofereceu para "ajudar, se necessário" o presidente ucraniano, ao considerar sua "segurança" uma prioridade em meio à ofensiva russa na Ucrânia - declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian.

"A segurança do presidente Zelensky é um elemento central do que está acontecendo agora", afirmou Le Drian, na rádio pública France Inter, no momento em que a Rússia intensifica sua ofensiva contra a capital ucraniana, Kiev, onde tiros e explosões foram relatados.

"Estamos em condições de ajudá-lo, se necessário (...) Tomaremos todas as medidas cabíveis", acrescentou o chefe da diplomacia francesa.

Para Le Drian, o presidente russo, Vladimir Putin, quer apagar a Ucrânia do "mapa dos Estados". O ministro francês alertou ainda que a operação russa em curso pode se estender até Moldávia e Geórgia.
Essas duas ex-repúblicas soviéticas contam com territórios controlados por separatistas pró-Rússia, assim como a Ucrânia.
Entenda o conflito
O conflito na Ucrânia pela Rússia teve início nesta quinta-feira, 24, após o presidente russo Vladimir Putin autorizar a entrada de tropas militares no país do leste europeu. A invasão culminou em ataques por ar, mar e terra, com diversas cidades bombardeadas, inclusive a capital Kiev, que já deixou mais de 130 mortos e mais de 300 feridos. Essa é a maior operação militar dentro de um país europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países, e pronunciamentos de diversos líderes espalhados pelo mundo condenando o ataque russo à Ucrânia. Em razão da invasão, países como Estados Unidos, Reino Unido e o bloco da União Europeia anunciaram sanções econômicas contra a Rússia.

A invasão ocorreu dois dias após o governo russo reconhecer a independência de dois territórios separatistas no leste da Ucrânia - as províncias de Donetsk e Luhansk. Com os ataques, Putin pretende alcançar uma desmilitarização e a eliminação dos "nazistas", segundo o presidente russo.

Outros motivos de Putin pela invasão na Ucrânia se dão pela aproximação do país com o Ocidente, com a possibilidade do país do leste europeu fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar internacional, e da União Europeia, além da ambição de expandir o território russo para aumentar o poder de influência na região.
*Com informações da AFP