Emmanuel Macron deixa as cabines depois de votar para o segundo turno da eleição presidencial da França GONZALO FUENTES/AFP
A seguir, as principais lições de uma eleição presidencial em que Macron se tornou, com 58,5% dos votos, o primeiro presidente a ser reeleito desde 2002 e Le Pen, com 40,5%, obteve o melhor desempenho da extrema-direita.
Uma França dividida
A primeira vive nas grandes cidades e no oeste. A outra, que apostou por Le Pen, está no antigo reduto industrial do norte, no leste, nas margens do Mediterrâneo e em seus territórios na América Latina e no Caribe.
A extrema-direita atrai um eleitorado popular composto por trabalhadores e assalariados, especialmente sensível a uma campanha baseada na defesa do poder aquisitivo sem negar a radicalidade de seu programa de migração.
Territórios ultramarinos
Exceto em Mayotte, onde Le Pen venceu, nos demais territórios o esquerdista Jean-Luc Mélenchon foi o mais votado no primeiro turno. O resultado da votação reflete assim um voto de protesto com uma crise social como pano de fundo. "Se Le Pen é a maioria nesses territórios (...) é por causa de um voto por descarte, não por um voto de adesão ao seu programa", disse Martial Foucault, especialista da Sciences Po em territórios ultramarinos.
Por sua vez, o presidente centrista prevaleceu nos territórios do Pacífico Sul: Nova Caledônia (61,04%), Polinésia Francesa (51,80%) e Wallis e Futuna (67,44%), segundo os resultados do Ministério do Interior.
Desencanto entre os jovens
Se somados os abstencionistas, "mais de um terço do eleitorado decidiu não votar", resumiu Mathieu Gallard, da Ipsos, na rádio France Info. Por idade, 41% dos eleitores entre 18 e 24 anos se abstiveram, assim como 38% daqueles entre 25 e 34 anos, de acordo com uma pesquisa da Ipsos. Esse percentual cai para 20% entre aqueles com entre 60 e 69 anos e 15% entre aqueles com mais de 70 anos.
A desilusão com o primeiro turno levou os estudantes a ocupar temporariamente a Universidade Sorbonne. Muitos denunciaram o balanço social e ecológico dos cinco anos de Macron, mas também temiam que a extrema-direita chegasse ao poder.
"Estou feliz que a extrema-direita não tenha chegado ao poder, mas não acho que Emmanuel Macron realmente represente a grande maioria dos franceses", disse à AFP Baptiste Dengremont, estudante de 20 anos de Lille (norte).
Tabuleiro político em recomposição
Os dois últimos buscam agora construir blocos em seus respectivos espaços políticos para arrancar a maioria parlamentar do centrista nas eleições legislativas de 12 e 19 de junho e forçá-lo a governar em conjunto.
Segundo pesquisas, mais da metade dos franceses deseja que Macron perca sua maioria. A última "coabitação" remonta ao período de 1997 a 2002, quando o conservador Jacques Chirac nomeou o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro.
Um "método renovado" de governo
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.