Segundo os serviços meteorológicos dos EUA, Ian pode ter consequências 'catastróficas'Sean Rayford/AFP
Furacão Ian alcança categoria 4 em direção à Flórida
Tempestade se aproxima com ventos de 250 km/h e rajadas ainda mais altas; fenômeno deve chegar na costa oeste no início da tarde
A Flórida aguarda com tensão a chegada do poderoso furacão Ian nesta quarta-feira, 28, que está "rapidamente se intensificando" e atingiu a categoria quatro na escala Saffir-Simpson, que vai até cinco. Com ventos sustentados de 250 km/h e rajadas ainda mais altas, o fenômeno se dirige para a costa oeste do estado, onde deve chegar no início da tarde.
Após a passagem devastadora por Cuba, onde deixou dois mortos e um apagão generalizado, a tempestade pode ter consequências "catastróficas", segundo os serviços meteorológicos dos Estados Unidos. "Surtos catastróficos de tempestades, ventos fortes e inundações em todo o panhandle da Flórida", disse o Centro Nacional de Furacões (NHC) em seu último boletim.
De acordo com a previsão, ele deve se mover para o interior durante o dia antes de voltar para o mar na costa oeste deste estado do sudeste dos EUA nesta quinta-feira. É esperada uma precipitação entre 300 e 450 mm no centro e nordeste da península e até 600 mm em alguns locais, disse o NHC.
"É uma grande tempestade", disse o governador da Flórida, Ron DeSantis, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, alertando que Ian pode chegar à costa como um furacão de categoria 5. Ele acrescentou que "claramente, este é um furacão muito poderoso que terá consequências de longo alcance".
O presidente Joe Biden, que já aprovou ajuda federal de emergência para 24 dos 67 condados da Flórida, alertou na terça-feira que Ian "poderia ser um furacão muito violento, cujo impacto seria devastador e com risco de vida".
Danos já provocados
Em sua passagem por Cuba, o furacão atingiu a categoria 3 e deixou a ilha mergulhada na escuridão depois de causar um apagão generalizado e duas mortes na província de Pinar del Rio. "Não há serviço de energia elétrica em nenhuma área do país no momento", declarou terça-feira à noite Lázaro Guerra, diretor técnico da estatal União Elétrica.
A caminho San Juan y Martínez, a 190 km de Havana, um dos locais mais castigados e área de plantações de tabaco em Pinar del Río, há cultivos inundados, árvores arrancadas, muitas como se tivessem sido cortadas com um machado, apuraram jornalistas da AFP.
No povoado de Consolación del Sur, Caridad Fernández, uma dona de casa de 65 anos, contempla o desastre da soleira de sua casa inundada, com os colchões molhados. As telhas foram levadas pelo furacão. "Tudo ficou danificado, mas o que temos é a fé em manter a vida. Tudo tem solução, exceto a morte", diz a mulher com olheiras profundas após uma longa noite.
O tabaqueiro Yuslán Rodríguez, de 37 anos, percorre nove casas de tabaco quase destruídas, inclusive a dele. "Não sei o que vamos fazer este ano com a campanha (semeadura)", diz, inconsolável. "Não é (apenas) esta casa de tabaco, são todas as casas de tabaco de Consolación del Sur".