Emmanuel Macron, presidente da França, demonstra preocupação com a alta do petróleo na EuropaAFP

A escassez de combustível continua nesta segunda-feira (10) na França, devido à greve dos trabalhadores do setor pretoleiro do país. O presidente Emmanuel Macron pediu uma solução "rápida", enquanto aproximadamente um terço dos postos de gasolina enfrentam problemas de abastecimento.
"O bloqueio não é uma forma de negociar", disse Macron durante uma visita a Château-Gontier, no oeste, logo após os grevistas estenderem suas atividades por mais um dia. Eles também estenderam as ações a 15 postos de gasolina de uma subsidiária da TotalEnergies.
O governo está sob pressão. Os pedidos de diálogo dos últimos dias não surtiram efeito, e a primeira-ministra, Élisabeth Borne, chegou a convocar na noite de segunda-feira uma reunião de emergência com os ministros afetados.
Na manhã de hoje, os motoristas faziam fila no único posto de gasolina aberto em Lille, ao norte do país, onde a situação é crítica.
"Tenho uma empresa, duas vans bloqueadas já no depósito, e estou na reserva. Então, definitivamente tenho que reabastecer. Caso contrário, não posso mais me locomover", afirma o empresário Bruno Duwez, de 63 anos.
De acordo com o Ministério da Transição Ecológica, 29,7% dos postos não tinham qualquer tipo de combustível por volta das 15h no domingo, contra 21%, no sábado. Os preços dos combustíveis aumentaram na semana passada, em média, 10 centavos (em dólar) por litro. O diesel atingiu os 1,8035 euros (1,75 dólar), apesar da redução de 30 centavos aprovada pelo Estado, para conter a inflação.
A maior refinaria da TotalEnergies perto do porto de Le Havre, ao norte, e suas outras instalações estão há dias em greve, assim como duas refinarias francesas de sua concorrente Esso-ExxonMobil, a pedido dos sindicatos. A Confederação Geral do Trabalho (CGT) reivindica um aumento salarial de 10% em 2022, 7% por conta da inflação, e 3%, pela redistribuição da riqueza.
A direção da TotalEnergies alega já ter tomado medidas que representam um aumento médio de 3,5% neste ano. Os grevistas conseguiram que a empresa concordasse em antecipar em um mês a negociação salarial, prevista para novembro. A mudança de data está, no entanto, condicionada ao fim da greve, o que denunciam como "chantagem".
Para aliviar a situação, a segunda economia da União Europeia (UE) já desbloqueou suas reservas estratégicas de combustível e autorizou a circulação de caminhões-tanque petroleiros no domingo, enquanto a TotalEnergies importava combustível. Uma das críticas dos grevistas é que a TotalEnergies não quer repartir com os trabalhadores parte de seus lucros, um montante que chegou, no primeiro semestre de 2022, a US$ 10,6 bilhões.
As críticas feitas lembram as da oposição na França, que exigem a tributação dos lucros extraordinários registrados por grandes grupos, especialmente do setor energético, em meio à atual crise na Europa.
"A Total deveria ver que a situação é difícil para todos (...) e redistribuí-los, porque não aguentamos mais. Todo mundo paga as consequências dessa guerra", disse Lahssen Boussalah, um cientista da computação de 45 anos, na fila do posto de gasolina de Lille.