Presidente ucraniano, Volodimir ZelenskyAFP
A medida está programada para entrar em vigor na próxima segunda-feira, 5, juntamente com um embargo da UE ao petróleo russo, em uma nova reviravolta nas sanções aplicadas desde que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que suas tropas invadissem a Ucrânia em 24 de setembro.
O custo atual de um barril de petróleo russo (bruto dos Urais) é de cerca de US$ 65, portanto, fixar seu preço em um máximo de US$ 60 terá um impacto limitado.
"Não é uma decisão séria estabelecer esse limite para o preço do petróleo russo, já que é confortável para o orçamento do Estado terrorista (Rússia)", criticou Zelensky, segundo o gabinete da presidência.
"O lógico teria sido estabelecer um preço máximo para o barril de petróleo russo de US$ 30, como proposto pela Polônia e pelos países bálticos", acrescentou Zelensky.
Os 27 países da UE, o G7 das economias mais desenvolvidas e a Austrália acordaram na sexta-feira, 2, impor um teto de US$ 60 ao barril de petróleo da Rússia, o segundo maior exportador mundial de combustíveis.
As autoridades ucranianas haviam se mostrado mais otimistas na manhã de sábado em relação às repercussões dessa medida.
"Sempre alcançamos nosso objetivo e a economia da Rússia será destruída. A Rússia terá que assumir a responsabilidade por todos os seus crimes", afirmou o chefe de gabinete da Presidência ucraniana, Andriy Yermak.
No entanto, Yermak já havia reconhecido que o teto "deveria ter caído para US$ 30 para destruir (a economia russa) mais rapidamente". "É apenas uma questão de tempo até nos equiparmos com ferramentas mais fortes", disse o presidente ucraniano. "É uma pena o tempo que estamos perdendo", acrescentou.
O G7 (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Japão) afirmou que pretende "evitar que a Rússia lucre com sua guerra agressiva contra a Ucrânia e apoiar a estabilidade nos mercados mundiais de energia".
A Rússia, porém, rejeitou de maneira veemente as limitações. "Não aceitaremos esse teto", declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, antes de acrescentar que Moscou está "analisando" a medida.
Os bombardeios russos das últimas semanas contra as infraestruturas do setor de energia da Ucrânia deixaram milhões de famílias sem luz, água e calefação, em um momento de temperaturas baixas com a aproximação do inverno (hemisfério norte, verão no Brasil). "Temos que aguentar", afirmou o governador da região Mykolaiv (sul), Vitaliy Kim, no Telegram.
Em Kherson (sul), "as redes elétricas, que não funcionavam por causa dos bombardeios inimigos, voltaram a estar conectadas" e "cerca de 75% da cidade voltou a ter energia", informou o responsável pela administração regional, Yaroslav Yanushevych.
Putin considerou que os bombardeios são "necessários e inevitáveis diante dos ataques provocativos de Kiev", informou o Kremlin na sexta-feira.
Putin voltou a reclamar, em uma conversa com o chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, do apoio financeiro e militar que permitiram à Ucrânia infligir derrotas humilhantes à Rússia no maior conflito no continente europeu desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas a contraofensiva ucraniana, aparentemente, deixou de avançar com a mesma velocidade.
Os combates são particularmente "duros" no leste do país, porque "os russos tiveram tempo de preparação" após os reveses dos últimos meses, afirmou o governador da região de Lugansk, Serguei Gaidai.
A situação também é "difícil" perto de Bakhmut, na região leste de Donetsk, afirma um comunicado do Exército ucraniano.
Os russos tentam conquistar esta localidade há vários meses e assumir seu controle seria uma vitória para Moscou após as derrotas recentes.
Donetsk é parte da bacia do Donbass, que a Rússia anunciou ter anexado no início de outubro, embora até agora não tenha conseguido conquistá-la por completo.
Putin pretende fazer uma visita a Donetsk "no momento oportuno", disse Peskov neste sábado, insistindo que Moscou esta é "uma região da Federação da Rússia".
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na quinta-feira que estava "disposto a conversar" com Putin, mas apenas se o presidente russo buscasse "uma forma de acabar com a guerra" e retirasse suas tropas do país.
Peskov respondeu que a Rússia rejeita as condições.Já o governo ucraniano rejeita qualquer negociação com Putin se ele não respeitar sua integridade territorial, o que inclui a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
O presidente da França, Emmanuel Macron, informou neste sábado que conversará por telefone com Putin "em breve" sobre a segurança das infraestruturas "nucleares civis" na Ucrânia. Também falará neste domingo com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi.
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