Por caio.belandi

Índia - Um tribunal da Índia decidiu, nesta sexta-feira, que o guru de uma seita, Ram Rahim Singh, era culpado pelo estupro de duas mulheres, suas seguidoras. O veredicto, porém, gerou protestos violentos em uma cidade do norte do país, Panchkula, que deixaram 13 mortos e ainda provocaram incêndios em construções locais, segundo a polícia e um médico.

A polícia usou jatos d'água para tentar dispersar as pessoas. Mais de 15 mil tropas paramilitares e agentes de polícia, alguns a cavalo, foram enviados à cidade. A violência já resultou em pelo menos 12 mortes e em mais de 100 feridos, segundo o médico V.K. Bansal, diretor do Hospital Civil de Panchkula.

Ram Rahim Singh foi condenado pela Justiça indiana por estuprar duas seguidorasPunit Paranjpe/AFP

Os manifestantes atearam fogo a prédios do governo e atacaram policiais e jornalistas de televisão, destruindo os vidros de vans da imprensa e quebrando equipamento de transmissão. Um toque de recolher foi imposto em pelo menos quatro distritos do Punjab, disse Amrinder Singh, uma autoridade estadual.

O tribunal especial anunciou o veredicto de culpado após ouvir os argumentos finais, no caso contra o guru que se arrastava havia 15 anos. O guru se autointitula Santo Dr. Gurmeet Ram Rahim Singh Ji Insaan.

Ram Rahim Singh, que negou a culpa por dois estupros em 2002, foi detido e estava recolhido em uma cidade próxima, em Rohtak, no Estado de Haryana, até a audiência no dia 28 em que ele será sentenciado, segundo o promotor H.P.S. Verma.

Também houve episódios de violência em Estados vizinhos, em Haryana e no Punjab, disse a polícia. Estações ferroviárias nas cidades de Malout e Balluana estavam em chamas e dois vagões de um trem vazio parado na estação Anand Vihar, em Nova Délhi, também foram incendiados.

Multidões também atacaram a polícia na cidade de Sirsa.

Seita de 50 milhões

Administradores de Panchkula temiam que um veredicto culpado pudesse gerar violência entre dezenas de milhares de seguidores do guru que estavam acampados à espera do resultado do julgamento.

A seita do guru é a Dera Sacha Sauda, que diz ter cerca de 50 milhões de seguidores e defende o vegetarianismo e é contra qualquer vício em drogas. Ela também se envolve em questões sociais, como a organização de casamentos para os casais mais pobres. Esse tipo de seita tem grande apelo popular na Índia e não é incomum que líderes delas tenham pequenas milícias privadas, fortemente armadas, para sua proteção. Quando o guru deixou sua comunidade em Sirsa no início da manhã para a audiência, foi acompanhado por um comboio de 100 veículos.

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