Por intermédio de brincadeiras, contação de histórias e outras atividades, a equipe passa as informações que desejaDivulgação / PMN

Nilópolis - Qual é a cor da sua pele? A pergunta é inspirada no livro ‘A Cor de Coraline’, de Alexandre Rampazo. Este e outros autores que abordam a temática da cultura negra e da valorização da negritude, estão no dia a dia de 65 crianças na creche municipal Natércia Rosa, no bairro do Paiol, em Nilópolis. Os profissionais de educação, comandados pela diretora Adilene Santos, buscam mostrar que não existe um tom de pele, mas vários, e que as crianças devem perceber o outro como ele é.
“Somos uma creche, semeamos ações dentro da vida deles. Questionamos o racismo e também outras questões. Procuramos fazer com que essas crianças, que têm de seis meses a 3 anos, se percebam tão lindas e eficientes quanto qualquer outra”, afirmou Adilene Santos, acrescentando que a filha estudou na creche e, agora numa escola particular, comentou que se sentia muito mais livre ali para ser como queria.
Os profissionais de educação buscam mostrar que não existe um tom de pele, mas vários, e que as crianças devem perceber o outro como ele é - Divulgação / PMN
Os profissionais de educação buscam mostrar que não existe um tom de pele, mas vários, e que as crianças devem perceber o outro como ele éDivulgação / PMN
“Não é só porque estamos perto do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, que fazemos esse tipo de trabalho. Nossa ação começou em 2017, com a criação do Afroencantamento”, explicou a pedagoga Denise Cruz, integrante da equipe de Educação Infantil Ubuntu, responsável pelo projeto Afroamor e Afroamar-se na rede municipal de ensino da Prefeitura de Nilópolis.
O projeto surgiu a partir da história de uma menina negra de uma das creches que não quis interpretar uma princesa na estória, que respondeu ao colega que a convidou que não haviam princesas negras”, contou Denise Cruz, que acompanha esse trabalho com o coletivo formado também por Denise Cruz, Denize Araújo, Fabrícia Damasceno e Roberta Guimarães.
Na creche Natércia Rosa, eles retornaram às aulas em outubro, por causa da pandemia. E permanecem no local das 8h às 16h, fazendo várias refeições na unidade escolar. Por intermédio de brincadeiras, contação de histórias e outras atividades, a equipe passa as informações que deseja.
Um painel, por exemplo, apresenta várias fotos das próprias crianças da sala e o tom de pele que eles escolheram para si mesmos. Déborah, 4 anos, mostrava o giz de cera marrom e dizia que o giz corresponde à sua cor.
Em outra banca da altura das crianças, eles misturavam diferentes tipos de xampus para cabelos liso, cacheado, crespo e etc. A atividade é inspirada no livro ‘Chico Juba’, que Gustavo Gaivota escreveu e Rubem Filho ilustrou. ‘O Pequeno Príncipe Negro’, escrito pelo ator, dramaturgo, cientista social e ex-BBB Rodrigo França, também é usado como inspiração pelas pedagogas.
Até os bebês já foram estimulados a brincar com borras de café, para se identificarem com sua própria cor. Laura, 4 anos, sentou-se num banquinho para fazer tranças com lãs cor de rosa. Na creche, a maioria dos alunos e funcionários é negra. Durante a pandemia, as equipes criaram conteúdo para ser divulgado pela ferramenta Educa Nilópolis.
Um painel, por exemplo, apresenta várias fotos das próprias crianças da sala e o tom de pele que eles escolheram para si mesmos - Divulgação / PMN
Um painel, por exemplo, apresenta várias fotos das próprias crianças da sala e o tom de pele que eles escolheram para si mesmosDivulgação / PMN
Na Natércia Rosa, as pedagogas passaram aos pais e responsáveis poemas, histórias e outras atividades que pudessem servir para as pessoas em casa e no trabalho se enxergarem num espelho. Gravaram, por exemplo, o vídeo ‘Black, Black, Black’, que trata do respeito à cor. O audiovisual foi produzido, gravado e editado pela equipe.