Comer compulsivo é outra consequência da quarentena. - Imagem Internet
Comer compulsivo é outra consequência da quarentena.Imagem Internet
Por Luciana Guimarães
Niterói - A despensa ficou mais visível e acessível. Basta uma levantadinha do sofá. Seja sentado por horas no home office, seja vendo aquele milésimo filme da quarentena, como não cedes às tentações e não ir a cada dois minutos fuxicar as guloseimas do armário?
Não há dúvidas de que o isolamento, absolutamente necessário para achatarmos a curva de contágio do coronavírus e preservarmos o sistema de saúde e evitar um colapso, afeta nosso emocional e psicológico. Mas a mudança repentina na rotina de muitos brasileiros já está fazendo diferença no físico também. Em forma de quilos...
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De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, cerca de 38% da população brasileira relatou mudanças de hábitos na alimentação ao longo do isolamento social, seja comendo mais que de costume ou com falta de apetite. Em outro estudo, de formato on-line, pesquisadores das áreas de endocrinologia, patologia e psicologia identificaram que 23% dos entrevistados engordaram durante o distanciamento social e passaram a comer mesmo sem sentir fome. A atenção é devida: o ganho de gordura corporal pode interferir, de forma direta, na qualidade de vida do indivíduo. Entre as patologias e quadros clínicos citados como correlacionadas ao excesso de peso estão a diabetes, apneia do sono, hipertensão e gota.
Mesmo aquela pessoa bem regrada com a alimentação pode ter saído da rotina alimentar nessa quarentena. Se isso aconteceu com você é provável que tenha ganhado um pouco de peso, como é o caso da recepcionista Mônica Neves de 32 anos: "Eu até já estava querendo emagrecer, perder uns quilinhos e a quarentena me trouxe opostamente o que eu queria: mais sobrepeso ainda. Fico horas na sala com meus filhos, brincando, vendo tv e tudo me puxa para um salgadinho, um docinho. Principalmente quando assisto aos telejornais...me dá uma gastura, um medo."
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E isso tem explicação: estamos sendo bombardeados de informações. É importante filtrar o que vemos e ouvimos. Não estamos falando apenas das mortes, apesar desta ser a pior parte, mas também dos efeitos nocivos na economia e das mudanças drásticas na rotina da população. Pavor. Preocupação. Estresse. Todos são gatilhos para uma fome que pode ser muito mais mental do que física. E entram em cena os bolinhos, os hambúrgueres, pizzas e não foi à toa que o serviço de delivery de comida aumentou em 63% em todo país.
Para a Nutrichef e professora de Gastronomia Ana Pochettini, da Escola Vegetaria Agridoce no Centro de Niterói, é preciso fazer um estudo comportamental e emocional para entender melhor a relação com o alimento e o papel da comida nesse momento turbulento que vivemos: "Alimentação saudável e atividade física compõem os dois pilares para o emagrecimento, sendo a alimentação o principal deles, tendo em vista a sua capacidade de promover um déficit calórico considerável. Alimentos ricos em fibras, ferro, proteínas, vitamina C, D e minerais mantém a imunidade forte. Mas mais do que perder peso, precisamos encontrar o equilíbrio que nos leve à uma vida saudável e plena apesar de todas as incertezas." 
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Planeje os horários de suas refeições, se movimente mesmo que seja numa dança louca com os filhos na sala, tente fazer escolhas melhores nos alimentos, estabeleça pequenas metas. Mas não se cobre tanto. Todos estamos vivendo inseguranças. Foque na saúde, mental e física, e tenha paciência e o mais importante: respeite seu tempo.