Aos 83 anos, Aída dos Santos vive no Fonseca, em Niterói, cidade na qual nasceu: 56 anos depois, continua a receber homenagens após fazer história nos Jogos de Tóquio - Arquivo Pessoal
Aos 83 anos, Aída dos Santos vive no Fonseca, em Niterói, cidade na qual nasceu: 56 anos depois, continua a receber homenagens após fazer história nos Jogos de TóquioArquivo Pessoal
Por Luciana Guimarães

Niterói - Ícone do esporte brasileiro e mundial, Aída dos Santos foi a única mulher brasileira a participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. De lá pra cá, sua trajetória de vida e a maneira peculiar de encarar os desafios, fizeram dessa simpática senhora um orgulho para Niterói.

Ela nasceu no Morro do Arroz, no Centro, lá no alto do complexo do Morro do Estado. Aos 83 anos, vive em Niterói desde então, no Fonseca. E continua a receber homenagens depois de 56 anos da conquista em Tóquio.

Aída dos Santos competiu na capital japonesa sem sequer ter um técnico a acompanhá-la. Lutou por medalha sem uniforme e sem sapatilhas, mas com muita força mental e física para conseguir bater o recorde nacional na final, com um dos pés lesionados.

A quarta posição no salto em altura foi a melhor posição de uma atleta brasileira em Olimpíadas, dentre todas as modalidades, até as primeiras medalhas conquistadas pelas mulheres brasileiras, nos Jogos de Atlanta 1996.

Como a única mulher entre os 68 atletas brasileiros na Olimpíada de 1964, Aída desfilou como um pelotão único atrás dos porta bandeiras e distante também do restante de mais de 60 homens. Quatro anos depois, nos Jogos da Cidade do México, ficou em vigésimo lugar no Pentatlo. 

Iniciou-se na prática esportiva jogando vôlei na escola onde estudava, em Niterói. Nascida em Icaraí, estudou na Escola Estadual Aurelino Leal. Foi levada para o atletismo por uma amiga. Não teve apoio do pai no início - ele cobrava que Aída nada ganhava com a prática esportiva e a proibiu de participar das primeiras competições (era levada às escondidas pela amiga). Apanhou muito e superou todas as contrariedades.

Sua amiga competia e Aída também, à sombra da amiga, para o pai não saber. Até bater um recorde no colégio e se decidir pelo atletismo, deixando de lado o vôlei. Foi após bater um recorde sul-americano, que Aída começou a dobrar a resistência do pai. Inicialmente, ele quis saber o que ela conseguiu, materialmente.

O destino tramou a favor de Aída, pois ela apanhou muito do pai por insistir em ser atleta, foi jogar vôlei e foi descoberta por acaso ao bater um recorde como saltadora. E, como atleta de salto em altura, se consagrou, disputou Olimpíada, ficou famosa e, hoje é mãe de três filhos atletas.

No dia que marcou os 56 anos de sua participação nas Olimpíadas de Tóquio, em 1964, quando ficou na quarta posição do salto em altura, ela viu um mural de 30 metros pintado com o rosto dela. A obra foi feito pela artista plástico Marcelo Lamarca, e fica no Caminho Niemeyer, em Niterói e está atraindo olhares curiosos pela beleza e história.

 

 

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