Lançamento de um livro é um dos desejos mais eminentes - Imagem Assessoria
Lançamento de um livro é um dos desejos mais eminentesImagem Assessoria
Por Luciana Guimarães
Niterói - Sob o comando e tutela dele, Niterói realizou feitos impressionantes. Esse sociólogo que começou na vida política aos 16 anos em movimentos estudantis, se revela, desde sempre, um apaixonado e entusiasta dos mais ferrenhos no que se refere à cidade do coração.
Foi eleito em 2012 com 132.001 (52,55%) dos votos e reeleito no segundo turno em 2016 com 130.473 (58,59%).
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Em 8 anos de mandato instituiu diversos projetos de reforma, ampliação e reestruturação. Construiu o CISP, reformou o Horto do Fonseca, entregou o Getulinho e o Hospital Mário Monteiro, Skatepark São Francisco, Mergulhão da Marquês de Paraná, revitalizou o Centro e foram incontáveis as obras de drenagem, asfalto e recapeamento. Imprimiu um olhar mais atento à Região Oceânica que também aguardava há tempos uma atuação mais eficaz do governo. 
Sempre defendeu a integração com os governos estadual e federal para reduzir a criminalidade. O exitoso Programa Niterói Presente tornou possível ter os perímetros de todas as suas delegacias distritais cobertos e a cidade hoje tem os melhores índices de segurança pública dos últimos 20 anos. Ampliou o número de vagas no Ensino Fundamental em horário integral e a expansão da cobertura do programa Médico de Família na cidade.
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O Túnel Charitas-Cafubá, considerado uma obra importante para mobilidade urbana, que liga os bairros de Charitas a Cafubá, foi esperado por 40 anos e saiu do papel em 2016. Por ele passará a TransOceânica, que é considerada uma das obras mais significativas do município nos últimos tempos.
Mas foi recentemente que ele deu nó em pingo d'água e assim, angariou ainda mais simpatizantes. O município ganhou notoriedade internacional e prêmios graças às ações rápidas para deter o avanço da Covid-19. Foi a única cidade do Brasil a receber o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU), Congresso Smart City e Fira de Barcelona e por representar um exemplo de ação responsável, precoce, comprometida e inspiradora. 
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Foi elaborado um Plano de Transição Gradual para o Novo Normal, com participação de especialistas da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e protocolos sanitários baseados nas melhores experiências internacionais, que orienta a retomada de atividades econômicas.
Abriu o primeiro hospital público do País exclusivo para tratamento de pacientes com coronavírus, desenvolveu o programa Empresa Cidadã que beneficiou 2.800 empresas e assim preservou ao menos 11 mil postos de trabalhos. Estabeleceu o Renda Básica Temporária que atenderá mais de 50.000 famílias com R$500,00 até dezembro, saiu na dianteira com a sanitização de ruas e comunidades, distribuiu 80 mil kits de limpeza para a população mais carente e criou o centro de referência de quarentena, onde pessoas com sintomas leves da doença podem ficar em isolamento, recebendo cuidados médicos e alimentação.
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Mantendo o substancial volume de mais de 80% de aprovação da sua gestão pelos niteroienses, Rodrigo Neves se despede do cargo e abre o coração sobre os projetos de vida e de carreira.

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1) Axel Grael conseguiu se eleger e em janeiro o senhor passará o bastão. Com seu apoio, de 4% de aprovação inicial, o prefeito eleito saltou para contundentes 62,58%. Como está se sentindo?

Eu estou me sentindo realizado. Muito feliz e orgulhoso por ter conseguido fazer, junto com uma equipe de primeira, uma administração capaz de mudar tanto Niterói, resgatar a autoestima e fazer de Niterói uma cidade melhor para viver e ser feliz. Esse trabalho, que foi exaustivo e exigiu demais de cada integrante da nossa equipe, foi reconhecido pela população ao eleger Axel Grael no primeiro turno, com uma expressiva votação de 62%. Estamos indo para 35 anos de governos trabalhistas em Niterói. Nossa cidade é a fortaleza do trabalhismo no Brasil. Eu tenho um sentimento de profunda gratidão com a população de Niterói.

2) O senhor entregará Niterói para as mãos do seu sucessor com um índice de aprovação que ultrapassa os 80%. As medidas adotadas contra a pandemia são, em grande parte, responsáveis por essa aceitação. Niterói foi reconhecida mundialmente pela excelência nesse combate, mas foi um desafio que surgiu quase no fim do seu segundo mandato. Ficou com medo de que isso pudesse ser desastroso?

Desde que as primeiras notícias sobre esse vírus começaram a circular na China, em janeiro de 2020, determinei a criação de um grupo de resposta rápida ao coronavírus. Niterói tinha todas as condições de ter uma tragédia sanitária imensa. Quase 20% da população acima de 60 anos, muitos habitantes passaram férias no exterior, onde o vírus já estava circulando, e diversas áreas com grandes aglomerações populacionais, o que poderia favorecer uma disseminação sem controle do vírus. Ao estudar as experiências internacionais e nos basear integralmente na ciência como nosso comitê científico de alto nível, conseguimos controlar essa pandemia na cidade que foi a primeira a apresentar um óbito no Estado. Fomos a primeira cidade do Brasil a fazer sanitização das comunidades, a instalar um hospital exclusivo para tratar da Covid-19 e a testar massivamente nossa população para conseguirmos combater esse vírus. Essas ações, entre tantas outras, foram e estão sendo fundamentais para salvar vidas. Um estudo mostrou que conseguimos poupar mais de 1500 vidas em Niterói. Graças às ações da prefeitura e à adesão da população da nossa cidade.

3) Recentemente o senhor declarou que Axel Grael assumirá um município que detém R$ 350 milhões em caixa. Mas que, apesar disso, enfrentará grandes adversidades. Quais seriam hoje para o senhor essas dificuldades?

Temos dois grandes desafios para os próximos anos. Primeiro, manter o combate ao coronavírus e evitar uma possível segunda onda, como está acontecendo em países da Europa principalmente. Além disso, precisamos reativar nossa economia. Conseguimos mostrar que não pode existir contradição entre salvar vidas. Niterói fez uma série de ações de apoio a microempreendedores individuais, pequenas e médias empresas, com empréstimos com juros subsidiados pelo Município, e injeção direta de recursos para manter empregos. Ações como o Empresa Cidadã salvaram mais de 12 mil postos de trabalho na nossa cidade. Os números mostram que, em setembro, Niterói teve 614 novas contratações. Em agosto, mais 379. Mesmo após um período de isolamento social rígido, responsável e que foi necessário para salvar vidas, todos os setores tiveram um saldo positivo e isso mostra que as ações que fizemos na economia, foram fundamentais para manter a cidade de pé. Criamos programas como o Renda Básica e Busca Ativa que garantiu alimentação para 50 mil pessoas mais humildes do nosso município para que pudessem cumprir o isolamento, além de outras medidas importantes. Mesmo em uma crise mais geral de nosso país e do estado, conseguimos avançar.

4) Como, no geral, avalia a transição de gestão do primeiro para o segundo mandato?

Nosso primeiro mandato foi de muitas dificuldades. Dívidas acumuladas, salários atrasados. A cidade passou por uma de suas maiores tragédias em 2010, com o Bumba, e ainda não tinha se reerguido do grande trauma. Colocamos a casa em ordem com muito trabalho e esforço. Assim, conseguimos implantar obras fundamentais como o Túnel Charitas-Cafubá e reabrir o Getulinho. Ampliamos fortemente as ferramentas de controle e transparência, além da responsabilidade total com os gastos públicos. Niterói recebeu prêmios da CGU e do MPF de transparência, além ser a única do Estado com gestão de excelência pela Firjan. A cidade ganhou grau de investimento da Standard & Poors. Quando os royalties começaram a entrar mais fortemente em 2018, a casa estava arrumada e foi possível a criação do Fundo de Estabilização de Receira (FER), uma poupança dos Royalties para preparar a cidade para as futuras gerações. Niterói é hoje referência, premiada inclusive pela ONU, pela sua gestão no combate ao coronavírus. Oito anos depois de pegar uma cidade em grandes dificuldades financeiras, deixou Niterói com as contas ajustadas e uma pandemia sob controle.


5) Qual foi o período mais espinhoso nesses 8 anos?

Nesses oito anos de gestão, tivemos diversos desafios. A começar pela crise financeira da cidade, no início do mandato. Niterói devia R$ 400 milhões de curto prazo. Fizemos uma gestão responsável e pagamos ao longo do mandato essa dívida que impossibilitava investimentos na cidade. Passamos pela grave crise da segurança pública. Decidi não ficar de braços cruzados e agi para trazer de volta segurança à população, mesmo sendo uma atribuição do Estado. Hoje, mais de 60% do policiamento de Niterói é bancado pela prefeitura e temos os menores índices de criminalidade dos últimos 20 anos. Em dezembro de 2018, eu e a cidade sofremos uma covardia inominável que privou minha liberdade. Poucas horas depois do que aconteceu, a extrema direita entrou com um pedido de impedimento com 150 páginas escritas. Uma tentativa de golpe que não prosperou, obviamente, porque não havia nenhuma prova e nenhum fundamento na denúncia. Mais recentemente, claro, temos a maior crise da nossa geração, que é a pandemia. Mais uma vez, pelas ações que tomamos com base na ciência e experiências internacionais, Niterói se tornou um exemplo para outras cidades e conseguiu salvar milhares de vidas. Foram oito anos muito intensos, desafiadores, mas que trouxeram muitos avanços para a população.

6) Verdade que o senhor pretende lançar um livro sobre planejamento, inovação e de cidades inteligentes e administração?

Sim. Tenho certeza de que o que passamos nesses oito anos em Niterói pode servir de inspiração e exemplo para diversas cidades do País, afinal, Niterói não é uma ilha. É, portanto, influenciada pelo que acontece no País e no estado e também pela crise mais geral. Tomamos uma série de ações que foram capazes de colocar Niterói numa posição mais sólida tanto do ponto de vista econômico quanto social. E essa experiência merece ser dividida.


7) Muito especula-se sobre seu futuro. Há quem dê como certa sua candidatura ao governo do Estado em 2 anos. O senhor pretende se candidatar?

Quero aproveitar esse tempo para dar aulas e me dedicar mais à minha família e à minha netinha. Esses oito anos foram intensos com mais de 16 horas de trabalho por dia. Vejo a lembrança do meu nome como um reconhecimento e aprovação da nossa gestão em Niterói, uma cidade com projeto, algo que me parece faltar ao país. Na política, nunca somos candidatos de nós mesmos, mas sim de propósitos, ideais, causas. Sinceramente, não tenho obsessão em ser candidato. Vou me dedicar a dar aulas, talvez prestar algum serviço no setor privado, escrever sobre os desafios da gestão pública municipal e sobretudo ficar mais com minha família que se sacrificou muito nesses anos todos.

8) O governo do Estado está acumulando a fama de “elefante branco” por ter chegado à falência, resultado de décadas de uma condução no mínimo, indecorosa. Isso não o preocupa?

Não conheço ninguém que não se preocupe e fique frustrado com a situação do Estado do Rio, um local que tem e terá sempre as condições para se reerguer e demonstrar que é possível voltar a crescer com responsabilidade, transparência e honestidade. Eu acredito nisso.


9) Qual o legado e mensagem que gostaria de deixar aos niteroienses?

Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer a população que sempre me acolheu como uma pessoa da família. Tenho um orgulho imenso de ser filho dessa linda cidade. Depois de oito anos, deixo a administração da cidade com o sentimento de dever cumprido. Niterói começou a década de 2010 com o orgulho ferido e sem capacidade de investimento. Chega ao fim da década recuperada, com autoestima e sendo a melhor cidade para viver e ser feliz. Agora, no início de mais uma década, tenho certeza de que a população escolheu o sucessor mais bem preparado para os novos desafios que vamos enfrentar. Desejo toda sorte do mundo a Axel Grael que fará um governo ainda melhor que o meu em Niterói.