Candidata Talíria Petrone: se eleita prefeita, planeja um choque de gestão na cidadeDivulgação
Filha de um músico conhecido na cidade e de uma professora, Talíria nasceu na Ponta d'Areia e passou a infância no Fonseca. Formada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestra em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), foi professora da rede pública de ensino. Durante a faculdade, trancou o curso de História e foi a Portugal atuar como atleta profissional de vôlei. Retornou após dois anos.
Politicamente, iniciou sua formação e militância em partido em 2012, no PSOL. Em 2016, buscou novamente a eleição, em uma decisão que envolveu a amiga Marielle Franco, onde ambas decidiram concorrer às Câmaras Municipais, Talíria em Niterói e Marielle no Rio. Foi vereadora por dois mandatos, sendo eleita Deputada Federal como a nona mais votada do RJ. Em 2022, foi reeleita como a terceira mais votada do estado. Concorrendo à Prefeitura de Niterói no pleito deste ano, Talíria aposta no choque de gestão. “Niterói está estagnada! A cidade merece e pode mais. É a cidade do futuro! Vou cuidar do município e de cada pessoa que vive aqui. Niterói será o melhor lugar para se viver e ser feliz do Brasil!”, disse ela.
O DIA – O que a experiência de ser deputada federal soma em sua trajetória política para essa primeira candidatura à Prefeitura da cidade?
TALÍRIA PETRONE - “Fui a vereadora mais votada da cidade e pude conhecer bem a máquina municipal. E como deputada federal, nestes dois mandatos, consegui trazer mais de 46 milhões para a cidade – em áreas como saúde, educação, assistência social e cultura. Só para o Hospital Antônio Pedro, a emenda articulada por nós angariou recursos de parlamentares de diferentes espectros políticos – de PL a PT – garantiu, com 12 milhões, a compra de um equipamento, o Pet Scan, que não existia na Região Metropolitana, indicado para cuidados de pessoas com câncer, o que é fundamental para um hospital que tem 40% do seu atendimento na área oncológica. Tenho certeza que já conseguimos fazer muito como vereadora e deputada federal, e podemos fazer muito mais ao assumir a Prefeitura”.
O Governo Federal declara que apoia seu opositor, Rodrigo Neves. No entanto parte dos filiados do PT regional esteve em seu evento e declarou voto em você – o que causou desconforto nos dirigentes locais, que reclamaram. Você tem apoio de parte dos filiados do PT?
“O apoio dos petistas à nossa candidatura é mais que natural, já que estivemos ao lado do Partido dos Trabalhadores nos momentos recentes mais difíceis da nossa democracia – o golpe contra a presidenta Dilma, a prisão ilegal do Lula – e na última eleição presidencial, quando apoiamos o presidente Lula e o ajudamos a ser o mais votado desde o primeiro turno em Niterói, que foi a única cidade da Região Metropolitana onde obteve a maioria dos votos. É natural que esta aliança se mantenha agora, assim como também é natural que um partido como o PT entenda que está na hora da cidade sair da estagnação. Niterói precisa ser a melhor cidade do Brasil para se viver e ser feliz. Com um orçamento de 6.3 bilhões por ano os problemas da cidade são inadmissíveis. Quase três mil crianças fora da escola, uma saúde pública que não está funcionando – embora o Programa Médico de Família tenha nascido aqui na minha cidade – e 39% das pessoas morando em assentamentos precários, além de 25% das pessoas na pobreza. Um cenário que fez com que uma cidade potente como Niterói ficasse parada no mesmo lugar. Por isso a adesão de alguns petistas e do PSB, que rompeu com a atual gestão e está na nossa coligação. Vale lembrar que sou a única deputada federal do Presidente Lula em Niterói”.
No seu plano de governo, se eleita, qual será a sua prioridade para mudar os rumos da condução política e renovar esse quadro na cidade?
Parte do eleitorado brasileiro considera que você segue os passos de Marielle Franco, mas você é de Niterói. Acredita que aprendeu muito com a companheira política e que sua visão é compartilhada com a visão que ela teve?
“Marielle e eu fomos eleitas no mesmo ano. Ela foi a 5ª mais votada na Capital e eu a mais votada a vereadora em Niterói. Construímos os nossos mandatos juntos enquanto foi possível. Depois da execução brutal da Mari eu fui convocada para uma responsabilidade de levar as pautas e questões que travávamos em nossos mandatos aqui em Niterói e no Rio, desta vez para o Brasil, no Congresso Nacional. E estou lá nestes últimos anos, honrando este legado de Marielle, lutando pelos direitos de quem mora na favela, pelas mães, lutando para colocar o pobre no orçamento, pelo direito à moradia, direito a saúde para todo mundo. E agora tenho a responsabilidade de fazer com que estas demandas que são da maioria do povo, estejam priorizadas na gestão municipal e é o que a gente vai fazer. E é também por Marielle que nós sabemos que chegou a hora da primeira mulher prefeita assumir a cidade de Niterói”.
Quais são as primeiras atitudes práticas que vai tomar na cidade de Niterói, se eleita?
“São muitos desafios. O primeiro deles é garantir que nenhuma criança esteja fora da escola já no primeiro dia do ano letivo de 2025. Por isso vamos criar um Plano Emergencial que garanta a ampliação das vagas – seja com o uso de equipamentos da educação pública que estejam desativados ou com o uso dos CIEPS, que hoje não são usados como escolas, mas são municipalizados no Cantagalo e no Fonseca, podendo possibilitar mais mil vagas para a educação pública municipal. Vamos manter so projetos sociais que lá acontecem. E faremos uma busca ativa nos territórios para entender onde estão as demandas por vagas em toda a cidade. Ao longo da gestão vamos dobrar o número de vagas de escola em tempo integral, garantir a educação de jovens adultos – em uma cidade que tem mais de 7 mil pessoas analfabetas. Enfim, fazer com que de fato a população tenha direito a aprender. Este é um direito das crianças. Brizola já falava que direitos iguais são para todo mundo, os privilégios só para as crianças. E essa vai ser uma receita que nós vamos aplicar aqui na cidade”.
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