Dez suspeitos foram detidos acusados de atuar em conexão internacional de tráfico de drogas, que envolveria Colômbia e Bolívia, por terra, e Portugal e Espanha, de avião
Por thiago.antunes
Rio - Uma luxuosa casa no Condomínio Malibu, na Barra da Tijuca, era um dos endereços de um dos traficantes internacionais mais procurados no mundo.
O colombiano Alexander Pareja Garcia, o Chihuauha, 43 anos, que foi preso pela Polícia Federal, ontem, em Cássia, Minas Gerais, vivia como celebridade no conjunto que tem mansões que chegam ao valor de R$ 15 milhões e moradores ilustres como Xuxa, Renato Aragão, Luigi Barricelli e Jayme Monjardim.
O criminoso é acusado de lavar dinheiro da venda de drogas da Espanha, no Brasil. Uma outra mansão que o traficante frequentava fica em Angra dos Reis, e tem salão de jogos e até deck para lancha.
O imóvel está em nome da sua filha, Daniela Pareja Rodriguez, e, segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), há indícios de que a propriedade, avaliada em mais de R$ 1 milhão, foi comprada com dinheiro do tráfico.
Batizada de Nações Unidas, a operação que prendeu Pareja e outras nove pessoas começou a ser articulada há um ano e meio, quando a Guarda Civil Espanhola enviou um alerta à PF avisando que o cunhado de Pareja, o colombiano Henry Alejandro Rodriguez Gallego, estava vindo ao Brasil encontrar com o traficante. A dupla havia sido presa em 2007 na operação Platina por tráfico.
Segundo o delegado Paulo Telles, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Henry entrou no Brasil pelo Rio, com identidade falsa. "Depois de alguns dias aqui, ele foi ao Uruguai, Bolívia e Colômbia. Retornou ao Brasil pela Ponte da Amizade e teve uma reunião na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul”, contou .
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Henry e seus sócios reativaram a indústria pesqueira do rio Grande para enviar cocaína para Portugal com a exportação do peixe.
A logística era trazer a droga por terra da Colômbia até o Rio Grande do Sul, e transportar em sacos de gelo em gel para não chamar atenção. Os peixes e a droga seriam enviados em contêineres, de avião, para Lisboa.
Lavagem de dinheiro no Brasil
Ligado ao cartel Valle del Norte, Pareja não teve seu nome associado com a nova quadrilha. Porém, seus bens foram sequestrados pela Justiça porque ele lavava o dinheiro do tráfico de drogas de Madri no Rio.
Ele tinha, em nome de terceiros, mansão em Angra dos Reis, apartamento na Barra da Tijuca, dois postos de gasolina, uma construtora e um areal. Os bens foram avaliados em mais de R$10 milhões.
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Pareja vivia legalmente no Brasil, sem usar nomes falsos. Apesar de haver alerta vermelho da Interpol (polícia internacional) sobre ele, para que Pareja fosse preso, a polícia do país que emitiu o mandado de prisão precisaria enviar pedido de extradição ao Supremo Tribunal Federal. Isso já havia sido feito pela polícia espanhola, mas o pedido fora negado anteriormente.
Postos na Avenida Brasil
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Ao todo, 17 pessoas foram denunciadas pelo MPF. A Justiça decretou o sequestro de imóveis, empresas e contas bancárias dos acusados, no total de pelo menos R$ 5 milhões. A
s propriedades são: os postos de gasolina Rapunzel I e II, em Santa Cruz; a construtora Max Logística e a Gebeal Areal, em Seropédica, a Usina Santa Luzia, em São Paulo, e a casa em Angra dos Reis.
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A quebra do sigilo fiscal mostrou que, entre 2008 e 2011, Pareja recebeu R$ 1,5 milhão, sendo R$ 1,4 milhão de doação do pai dele.
O dinheiro teria sido fruto da venda de uma fazenda na Colômbia, mas a polícia descobriu que o imóvel rural fora vendido pelo equivalente a R$ 22 mil.