Na final da Copa do Brasil, disputada entre Flamengo e Atlético-PR na última quarta-feira, no Maracanã, a Polícia Militar disponibilizou 500 homens para quase 60 mil pessoas. No entanto, nos fins de semana, quando a Lapa recebe a mesma quantidade de frequentadores, o efetivo é muito inferior, segundo avaliação de comerciantes. A Polícia Militar não revela o pessoal empregado ali, se limitando a informar que a área conta com reforço de “40 homens” aos sábados e domingos.
“Guarda municipal tem muito, mas não resolve.
As pessoas usam drogas na frente deles. A gente acredita que aqui não tenha nem cem policiais por fim de semana, mesmo com os turistas vindo cada vez mais para cá”, criticou o empresário Fabrício Bueno. Mas o mais grave é que os guetos onde o tráfico costuma abastecer moradores de rua, usuários de crack, menores infratores, travestis e outros clientes estão situados a poucos metros do Quartel General da Polícia Militar, do Posto Avançado do 5º BPM (Praça Harmonia) e dos prédios da Chefia de Polícia Civil e da 5ª DP (Mem de Sá).
Já houve apreensões de crack nas ruas do Lavradio, nos Arcos, nas esquinas da Mem de Sá com Gomes Freire, na Ladeira de Santa Teresa com Rua Joaquim Silva e na Escadaria Selarón.
O empresário Léo Feijo pede urgência nas providências: “Aqui temos os menores, os assaltantes profissionais camuflados na população de rua e os usuários de crack. Devemos ter uma atenção especial”. Para o DJ Carlos Eduardo Smith, “não adianta simplesmente colocar a polícia na rua”: “A violência é um problema crônico da Lapa, oriunda de outras falhas estruturais, como falta de iluminação e de infraestrutura”.
E na Praça Tiradentes...
O consumo de drogas nas ruas do Centro do Rio muitas vezes acontece sem qualquer repressão. Nas fotos acima, um grupo, parecendo ser de moradores de ruas, foi flagrado ontem enquanto passa o cigarro de maconha de mão em mão, na Praça Tiradentes. Existem outros pontos onde é possível ver à luz do dia mulheres, homens e até menores consumindo drogas.
Os grupos se concentram com mais frequência na Rua dos Arcos, na esquina da Avenida Chile com a Lavradio, onde Conrado foi morto, nas esquinas da Avenida Mem de Sá e da Monsenhor Francisco Pinto, a poucos metros do muro do QG da Polícia Militar. A Praça João Pessoa é tida como um dos principais pontos de venda de drogas.
Segundo o MC Valnei Succo, de 25 anos, participante do Observatório de Favelas, o objetivo da ação no Largo da Carioca foi impactar as milhares de pessoas que transitam diariamente pelo local: “Foram 50 mil mortes em 2012, sendo 27 mil de jovens.
Desses, 18 mil foram jovens negros do sexo masculino. No Rio, quatro mil mortes, sendo 1.478 de jovens negros de 14 a 29 anos. Isso não é normal, isso não pode ser normal”, comentou.
Nesta terça-feira de madrugada, ação conjunta da PM e da Prefeitura deteve 39 adultos e apreendeu 12 menores. Todos foram liberados, menos dois homens foragidos, que permaneceram presos.