Por tamyres.matos
Rio - Com ambições políticas, a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, anunciou ontem que deixa o cargo no próximo dia 31. A cobiçada cadeira da instituição já tem dono. Nos bastidores, cometa-se que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, escolheu o delegado Cláudio Ferraz, atual coordenador especial de Transporte Alternativo, da Prefeitura do Rio, para ser o novo ‘xerife’ do estado.

Em nota oficial, Martha Rocha declarou que procurou o secretário semana passada para informá-lo que avaliava a possibilidade de seguir carreira política. Em 5 de outubro, véspera do prazo de filiação partidária, a delegada entrou para o PSD — antes pertencia aos quadros do PSB. Assim, ela selou o seu destino eleitoral: vai disputar vaga na Assembleia Legislativa (Alerj).

Martha assumiu em fevereiro de 2011. Ferraz ‘aguarda convocação’Maíra Coelho e Carlo Wrede / Agência O Dia

A costura para a saída de Martha, na verdade, começou no ano passado. O nome de Ferraz recebeu a chancela do governador Sérgio Cabral. O Palácio, no entanto, fazia as suas apostas em outro delegado, Fernando Moraes, mas, no final, a palavra de Beltrame teve mais peso, e Cabral deu sinal verde para Ferraz assumir a missão.

POUCAS PALAVRAS
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Ferraz foi lacônico ao falar sobre a possibilidade de assumir o cargo. “Estou surpreso e aguardo a convocação”, limitou-se a comentar o delegado. Em nota oficial, a Secretaria de Segurança garante: “Não há nenhuma decisão definitiva tomada pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, sobre quem vai substituí-la na Chefia de Polícia Civil”, alega a nota, referindo-se a Martha.
Embora a secretaria não confirme, delegados afirmam que já foram até convidados informalmente para ocupar cargos estratégicos na gestão de Ferraz. Um dos focos da nova administração seria o combate às milícias, marca registrada do delegado, quando ele comandou durante quatro anos a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE). No período, mais de 400 acusados de envolvimento com a milícia foram presos.
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Guerra com antigo chefe
Há 20 anos na Polícia Civil, Cláudio Ferraz passou por delegacias importantes como a Draco-IE e Divisão Antissequestro (DAS). Mas foi na Draco-IE que se envolveu em guerra com o então chefe da instituição Alan Turnowski, em 2011. O estopim da crise foi a ajuda de Ferraz na ‘Operação Guilhotina’, da Polícia Federal. A ação acusou agentes das polícias Civil e Militar de envolvimento com o tráfico. Na ocasião, Turnowski fez devassa na Draco-IE. Depois, deixou o cargo.