Rio - Em audiência de instrução e julgamento (AIJ) nesta quinta-feira, Roberto Martins Bussama, pai do atropelador de Rafael Mascarenhas, admitiu que pagou R$ 1 mil aos policiais militares que registraram a ocorrência do caso. O filho da atriz Cissa Guimarães foi vítima de atropelamento quando andava de skate no Túnel Acústico da Gávea. O motorista do carro, Rafael Bussamra deixou o local sem prestar socorro. A audiência foi presisida pelo juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 16ª Vara Criminal da Capital.
Roberto admitiu ter dado R$ 1 mil aos dois policiais militares que foram ao túnel na madrugada de 20 de julho de 2010, momentos após Rafael Mascarenhas ter sido atropelado por Rafael Bussamra, filho de Roberto. No interrogatório, o pai do atropelador contou ter recebido um telefonema da mulher que teria afirmado para ele não prosseguir com o pagamento, pois já havia arrumado um advogado e que Rafael Mascarenhas tinha falecido no hospital.
Rafael Bussamra responde pelos crimes de homicídio culposo, participação em competição automobilística não autorizada (racha), afastamento do local do crime, adulteração de prova e corrupção ativa contra os dois policiais. Roberto Martins responde pelos crimes de adulteração de prova e corrupção ativa contra os dois PMs.
Também no interrogatório, Roberto disse que teve seu carro rebocado até uma oficina mecânica para que fosse retificado e que comprou as peças para a realização dos reparos. No entanto, segundo ele, o veículo não chegou a ser consertado por ele ter voltado atrás da ideia.
O juiz determinou que Bussamra e Martins Bussamra, entreguem os passaportes à Justiça. O juiz determinou que Roberto não deixe o Rio sem avisar à Justiça. Rafael Bussamra também não pode deixar São Paulo, onde mora atualmente, sem permissão judicial. “Ele tem endereço certo. Não compareceu à audiência porque não foi intimado. Mas o apresento à hora que o juiz quiser”, disse Alexandre Dumans, advogado de Bussamra. Prestaram depoimento ontem na 16ª Vara Criminal Martins e duas testemunhas.
Rafael Bussamra não compareceu à audiência. Uma carta precatória foi expedida pelo juízo para São Paulo. Como o TJ paulista ainda não havia se manifestado até esta quinta, o juiz Guilherme Schilling decidiu esperar pelo resultado da carta precatória para marcar uma nova audiência.
Outras duas testemunhas arroladas pela defesa também prestaram depoimento. A primeira foi Guilherme Bussamra, irmão de Rafael e filho de Roberto. Ele contou que foi ameaçado pelos policiais militares a não irem à delegacia logo após o atropelamento de Rafael Mascarenhas. A segunda testemunha a depor foi um amigo de Rafael Bussamra, Gabriel, que dirigia o outro carro na noite do atropelamento. Ele disse que não sabia que o túnel estava com as vias interditadas, mas admitiu que circulou na contramão em um retorno para acessar o túnel.
Relembre o caso
O atropelamento aconteceu em 20 de julho de 2010, quando o filho da atriz andava de skate no Túnel Acústico da Gávea, Zona Sul do Rio. No dia 29, foi feita uma homenagem ao músico no túnel onde ele foi atropelado. Compareceram ao local familiares e amigos do músico. Os presentes cantaram e andaram de skate, além de grafitaram mensagens de amor e paz na parede do túnel. A atriz. escreveu a frase "Obrigada Rafael!".
De acordo com as investigações da 15ª DP (Gávea), dois veículos seguiam em direção a São Conrado e teriam retornado utilizando uma passagem de emergência que estava aberta. Os dois carros, um Honda Civic e um Siena, teriam se aproveitado da interdição da pista para apostar um racha. O motorista do Siena, Bussamra, atropelou Mascarenhas e abandonou o local e sem prestar socorro. Após o incidente, ele chegou a ser parado por uma viatura da polícia, mas foi liberado após garantir que pagaria propina aos policiais.
Rafael foi levado ainda com vida para o Hospital Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul da cidade. A Secretaria municipal de Saúde do Rio declarou que o jovem chegou à unidade com politraumatismos na cabeça, no tórax, nos braços e nas pernas. Ele chegou a ser operado, mas faleceu por volta de 8h da manhã do mesmo dia.
O sargento Marcelo José Leal Martins e o cabo Marcelo de Souza Bigon foram condenados a cinco anos de reclusão em regime semiaberto pelo Conselho de Justiça da Polícia Militar por corrupção passiva e falsidade ideológica, pela acusação de pedirem R$10 mil aos réus do caso . Eles podem recorrer em liberdade.