Por thiago.antunes

Rio - A venda “virtual” e “analógica” de diplomas de nível superior ganha nova investida, desta vez no Facebook, denunciou ontem a colunista do iG, Marina Diana. Com a afirmação de que o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é coisa do passado, um perfil com o nome de ‘Luis’ (sem sobrenome) naquela rede social traz, por R$ 3,8 mil, a promessa da emissão rápida — em 17 dias úteis — e segura da carteira da Ordem, documento fundamental para que o bacharel em Direito possa atuar como advogado.

Com muitos erros de português, o administrador do perfil anuncia “Para quem já foi reprovado no exame diversas vezes entende o que estou propondo. Trabalhamos com registro junto a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), onde temos um convênio com órgãos de algumas províncias para aqueles que não conseguem passar pelo exame e não têm mais tempo para perder. Podemos lhe ajudar”, diz o perfil. Criado em 2 de junho último, ‘Luis’ já conta com mais de 380 amigos.

O comerciante da carteira da OAB indica um email para que os clientes entrem em contato. Depois pergunta qual o estado da pessoa que escreve e, na sequência, numa mensagem com mais erros de português, mas padronizada, explica as condições para conseguir o produto. Também garante se tratar de um “registro completamente autêntico”. Na resposta, ‘Luis’ pede que, se houver interesse, seja efetuado um adiantamento de R$ 980 e o restante do pagamento deverá ocorrer na entrega da mercadoria.

A promessa de conseguir o documento é possível se o interessado for morador de São Paulo — “fornecido pelo órgão real de Campinas” —, mas que o viabiliza a clientes de Rio de Janeiro e Curitiba. Há pedido de sigilo por saber que se trata de “uma venda ilícita”. O site de notícias não conseguiu contato com nenhum suposto comprador da carteira.

Após a reportagem ser publicada, o perfil do Facebook foi retirado. A OAB paulista afirmou que está oficiando o caso à Polícia Federal e ao Ministério Público. Em nota, considerou que o perfil foi criado no Facebook de “forma irresponsável, com o intuito de criar falsa situação e atacar a imagem da instituição, o que já constitui um ato ilícito”. “E, para dirimir qualquer dúvida sobre o episódio, a OAB-SP está encaminhando o caso à Polícia Federal para que sejam apurados os fatos”.

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