Rio - Falta pouco tempo para a cidade vibrar quando o primeiro grito de gol ecoar pelas ruas pintadas com as cores da seleção brasileira. Seja nas varandas das casas ou nas mesas dos bares, o Rio reluz em verde e amarelo para assistir o primeiro desafio do time escalado por Felipão. Com muito bom humor, os turistas entram no clima das provocações e elogiam a simpatia do carioca. “Estou aqui há uma semana e fui tão bem recebido que me sinto quase brasileiro”, disse o mexicano Mario Alberto, de 37 anos.
A partida de estreia será em São Paulo, contra a Croácia, terra natal dos país do aposentado Damir Vrcibradic, de 74 anos. Ele procura manter viva a memória do país em sua casa, mas garante que a torcida dele e da esposa, Cibele, que é brasileira, será para o Brasil de Neymar & Cia.
“O time da Croácia tem bons jogadores, mas vou torcer pelo Brasil, passei a vida toda morando aqui”, diz, indicando o placar no idioma croata: vitória canarinho por ‘dvat’ a ‘nula’, ou seja, 2 a 0. Eles vão ver a partida em casa.
Quanto aos brasileiros, enquanto alguns pretendem disputar espaço nas mesas de bares e restaurantes, outros preferem acompanhar os lances no sofá de casa. “A graça não é apenas o futebol. O legal é que a galera toda se reúne e faz aquela confraternização. Vira um verdadeiro carnaval”, diz o estudante Diego Catinari, de 24 anos, que já convocou o grupo de amigos para acompanhar a partida contra a Croácia no Baixo Leblon.
Apesar de já ter festejado muitos gols nas ruas com os amigos em outras edições do evento, desta vez o operador de marketing Ricardo Mesquita, de 47 anos, vai torcer com mais calma. “A empresa liberou a gente para sair mais cedo. Vou preparar aquele churrasco para a família. Ver em casa é mais tranquilo, curtindo os filhos”, afirma. Seu sobrinho aprovou a ideia. “Quero comer coisa gostosa e ver muitos gols do Neymar. Vai ser 3 a 0”, disse Cauã Mesquita, de 8 anos.
Ainda não muito familiarizadas com o nome dos jogadores da seleção croata, as publicitárias Marina Fonyat, de 27 anos e Lara Fortes, de 25 anos, revelaram as outras expectativas das mulheres, mas voltadas para a estética. “Ninguém sabe nada sobre futebol, mas vai ser aquela festa. Tomara que o Brasil jogue contra a Itália ou Espanha nas fases finais, porque de homem bonito a gente entende e vamos perturbar os namorados”, conta ela, toda animada.
Futebol para mudar imagem
Damir Vrcibradic, de 74 anos, é um dos poucos croatas que vivem no Rio. A pequena torcida rivaliza com o orgulho de falar sobre a história recente do lugar, que passou por diversas guerras e usa o futebol para mostrar uma nova face ao mundo: “Brasil é minha primeira pátria, mas tenho orgulho muito grande do povo croata, que resistiu a diversos conflitos por centenas de anos”.
Ele diz ser impossível reunir dez croatas no Rio. “A comunidade é idosa. Só conseguimos reunir alguns na Copa de 2006, quando o Brasil também jogou com a Croácia, mas nunca mais nos encontramos”.
Quando o assunto é Copa do Mundo, Damir lembra da grande campanha realizada em 1998, quando o país estreava em Mundiais e chegou ao terceiro lugar no torneio, disputado na França. Dina Laver, 70, lembra que naquele ano também fora feita uma reunião da comunidade croata-carioca. Ela não vai trocar a camisa xadrez do país de origem pela amarela da Seleção: “Vou torcer. Mas coitada da Croácia, serão milhões torcendo contra”.
Tatu-bola da Quinta não é chegado à fama
Único exemplar da espécie em zoológico no Brasil, o tatu-bola da Quinta da Boa Vista tem sido uma atração a parte para o público. Por andar na ponta dos dedos, a fêmea, que tem 20 anos, recebeu o apelido de Ana Botafogo — primeira bailarina do Theatro Municipal. A tatu fêmea já foi procurada pela mídia estrangeira — como a Associated Press americana e a TV estatal chinesa — curiosa sobre a origem do mascote do Mundial.
“A procura pelo tatu-bola aumentou bastante. As pessoas perguntam: Cadê o Fuleco?”, comentou o gerente de biologia do Zoo, Anderson Mendes. De hábitos noturnos, o tatu-bola, ao contrário do Fuleco, não é muito chegado à fama. É preciso um pouco de sorte para vê-lo no zoológico. O bicho foi trazido por um caminhoneiro que o encontrou perdida na estrada. Nos dias de jogos no Maracanã, o Zoo ficará fechado.