Rio - O primeiro chute da Copa do Mundo entrou para a história. E não é só para a do futebol. Durante a abertura do Mundial, um brasileiro paraplégico conseguiu a proeza, graças ao exoesqueleto - que capta e reage à atividade cerebral - criado pelo neurocientista também brasileiro, Miguel Nicolelis. Pena que quase ninguém viu: a cena memorável foi ofuscada pela TV que transmitia no mesmo momento o tão já criticado espetáculo de danças e apresentações artísticas. Apenas a Bandeirantes mostrou.
Aos telespectadores ficou reservado apenas o direito de ver a bola no ar. Mas nada desanima Nicolelis. Afinal, o neurocientista trabalha desde 2001 no projeto Andar de Novo para que um paraplégico desse o primeiro chute da Copa do Mundo no Brasil. E com certeza este 12 de junho de 2014 foi um grande passo na ciência e na vida de muitos deficientes físicos.
A falta de destaque da TV ao grande feito foi comentada e criticada nas redes sociais. Mas o pesquisador não deu 'bola' para a falha e comemorou o sucesso: "conseguimos", escreveu Nicolelis no Twitter.
Exoesqueleto já tem 'nome'
Formado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, o neurocientistas Miguel Nicolelis se dedica desde 2001 ao projeto Andar de Novo. O objetivo era fazer um paraplégico dar o primeiro chute da Copa do Mundo no Brasil.
Apelidado de BRA-Santos Dumont 1, o exoesqueleto reage a comandos do cérebro e possibilita o paraplégico a andar ou chutar, por exemplo. Apelidado de BRA-Santos Dumont 1, pesa aproximadamente 70 quilos e tem um computador que capta os impulsos e os transforma em movimentos.
CONHEÇA O ‘MILAGRE’
NA CABEÇA
Uma touca com eletrodos é colocada na cabeça do voluntário. O equipamento capta os sinais elétricos do cérebro por eletroencefalografia.
CÉREBRO-MÁQUINA
Os sinais produzidos quando Juliano se imagina caminhando são enviados para um computador colocado nas costas dele. A máquina ‘traduz’ os sinais e envia a ordem aos membros artificiais, que faz os movimentos que foram pensados pelo voluntário.
TATO
Uma pele artificial, com sensores, ‘avisa’ toda vez que o voluntário toca o chão. Quando isso acontece, a pessoa sente uma vibração no braço, graças a uma manga equipada com eletrodos.
ESTRUTURA
O exoesqueleto é feito de alumínio e outros metais leves e pesa 70 quilos. A bateria fica na parte traseira e dura até duas horas.