Por thiago.antunes

Rio - Alegria e ousadia, as marcas registradas do maior craque brasileiro da atualidade, Neymar, também podiam ser vistas nas ruas do Rio ontem. A irreverência tomou conta dos torcedores, e figuras inusitadas deram o tom da festa verde e amarela. Assim como no Carnaval, as fantasias ganharam as ruas. Bandeiras viraram roupas, chapéus e óculos diferentes, pinturas no corpo, valia tudo para entrar no clima da torcida, que esbanjava confiança.

O Fuscoline, uma mistura de Fusca com Limousine, virou atração nas ruas da Zona Norte e até rendeu uma grana extra ao seu dono. Quem passou por ele não perdeu a chance de tirar uma foto para levar de lembrança do carro, que ficou parado bem no meio do Alzirão. O dono, o taxista Josias Vital, de 58 anos, deixou toda a torcida entrar para conhecer o veículo e, depois das fotos, passou o chapéu para receber colaborações.

Na Tijuca%2C o taxista Josias Vital foi atração e faturou com carro conversível enfeitado de verde e amarelo%3A passou chapéu e recolheu dinheiroMárcio Mercante / Agência O Dia

Louco por futebol e carros, Josias resolveu unir as duas paixões em uma só torcida. Há um ano, ele idealizou um veículo em homenagem à Copa e pôs a mão na massa, ornamentando o carro com adesivos e bandeiras. A transformação — que custou R$ 7 mil, segundo ele — incluiu a retirada do teto do carro. Uma ousadia que rendeu ao dono proposta de venda de até R$ 20 mil. “Não vendo. É meu amuleto e, se o Brasil ganhar, vou sair por aí com ele, fazendo eventos”.

A alegria da Copa trouxe de volta até figura que deixou saudade no coração dos brasileiros. O apresentador Chacrinha ‘ressuscitou’ na pele do pediatra Vladimir Souza, que desfilou pela Tijuca a irreverência do ‘Velho Guerreiro’. O herói Homem-Aranha também vestiu as cores brasileiras e jogou sua teia nas areias de Copacabana. Camisas gigantes uniram amigos numa só roupa. Alguns torcedores ainda se enfeitaram com pedido de paz na Copa e no país.

Em Copacabana%2C torcedores esbanjaram criatividade nas fantasias%2CFernando Souza / Agência O Dia

Na Fan Fest, em Copacabana, a criatividade ultrapassava as fronteiras. Os mais animados eram os sul-americanos, maioria absoluta na arena montada pela Fifa. Colombianos, equatorianos, uruguaios e, sobretudo, argentinos, que no domingo assistirão à seleção de Messi no Maracanã, deram um colorido especial à festa.

Uma caravana que veio de Córdoba, na Argentina, com mais de 20 torcedores, chamava a atenção na praia. Pintados de azul e branco quase que da cabeça aos pés, eles não paravam de cantar músicas de incentivo à seleção por um minuto sequer. Nem durante o jogo do Brasil. Estavam em casa. “Adoramos o Brasil. Gostamos tanto que viemos para cá comemorar a conquista da Copa no Rio. O Maracanazzo será argentino”, divertia-se Manoela Fernandez.

Corrida para compras de última hora

No Centro, durante toda a manhã, o clima foi de euforia e ansiedade pelas ruas. Na Saara, a alta procura por produtos com as cores do Brasil fez a festa dos vendedores. “As vendas estão ótimas. Começamos a vender na quarta e já tivemos que reabastecer três vezes”, contou Marcos Corrêa, que reuniu familiares e amigos para comercializar cornetas e bandeiras em barraca montada na Rua da Alfândega.

A animação dos vendedores contagiou os fregueses. Um dos mais empolgados era o ambulante José Sampaio, que levou para casa camisa, corneta e bandeira. “Não trabalhei para poder ver o jogo com a família”, disse o morador do Estácio. Outro ponto onde reinava a festa era a Av. Presidente Vargas. Desde o fim da manhã, o que se via era uma correria de pessoas para chegar em casa rápido. O cardápio escolhido pela maioria era garantia de sucesso: “Tem que ter churrasco e cerveja com os amigos”, garantiu o auxiliar administrativo José Carlos Rodrigues.

No hospital, de olho na TV

Enquanto a maioria comemorava os gols de Neymar e companhia, eles trabalhavam. Apesar de acostumados a pegar no batente em feriados, profissionais de saúde e funcionários de hospitais usaram o jeitinho brasileiro para acompanhar a estreia do Brasil na Copa.

Teve até um Homem-Aranha verde-amarelo na estreia de Brasil e CroáciaOnofre Veras / Agência O Dia

“Somos brasileiros, também ficamos tensos e apreensivos, mas a obrigação vem antes”, disse a enfermeira do Hospital Souza Aguiar, Rosane Reis. Ela e os colegas fizeram das cadeiras em frente à TV do setor de emergência, os lugares mais disputados. Apesar da animação, os gritos de gol tinham que ser contidos. “Afinal, é um hospital”, lembrava o auxiliar de serviços gerais Roberto Anthony.

Para outros, a expectativa se transformou em frustração. O estudante colombiano Daniel Savedra, de 23 anos, que pretendia ir à Fifa Fan Fest, sofreu uma ruptura dos tendões da mão, antes do apito inicial.

“Não foi como eu esperava, mas estou bem”, garantiu no Souza Aguiar. Ali e no Salgado Filho e no Miguel Couto a espera também era considerada baixa.

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