Por thiago.antunes

Rio - Os torcedores que foram ao Maracanã no domingo, para assistir ao jogo entre Argentina e Bósnia, garantem: ainda faltam muitos ajustes a serem feitos para o estádio atingir o que passou a ser chamado de padrão Fifa, ou seja, um nível de excelência nos serviços oferecidos aos torcedores. O que se viu no novo Maracanã foram muitos gols contra, não apenas o do zagueiro bósnio Kolasinac, que facilitou a vida de Messi & cia dentro de campo.

Falta d’água em banheiros e bebedouros, lanchonetes sem comida e com bebida quente, além de filas intermináveis foram apenas alguns dos problemas. Além disso, a rede de comunicação nas lojas oficiais da Fifa também esteve fora do ar durante a maior parte do tempo, impedindo muitos turistas de levar uma recordação para casa. Sem contar as brigas dentro e, sobretudo, nos arredores do estádio. Torcedores dos clubes argentinos Velez Sarsfield e do Chacarita protagonizaram cenas de selvageria na porta do Maracanã.

Outro problema enfrentado por torcedores no domingo foram as filas gigantescas%3A seja fora ou dentro do estádio%2C público sofreu José Pedro Monteiro / Agência O Dia

“O jogo valeu pelo gol do Messi e pela festa da torcida, que foi incrível, porque de resto, o padrão da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio) é melhor do que o padrão Fifa. Estava tudo muito confuso. É preciso melhorar muito”, opinou o rubro-negro Silvio Macedo.

Torcedora da Argentina, Gabriela Mendoza, que veio com o marido Pablo e o filho Gabriel, lamentou a precariedade dos serviços. E pediu providências, de forma bem-humorada, para as próximas partidas. Sobretudo para a grande decisão. “Estou com ingresso para a final, mas, se eu morrer, que seja de emoção com a Argentina, não de fome. Não havia nada para comer. Muitas lanchonetes fechadas e nas abertas, a bebida estava quente. Foi a nota baixa da festa”, reclamou.

Lanchonete fechada%2C durante o jogo Argentina x Bósnia. Nas lanchonetes abertas%2C faltavam produtosFoto de leitor

Para o jogo de amanhã, entre Espanha e Chile, os torcedores esperam que os problemas estejam resolvidos, mas não há qualquer garantia em relação a isso. A Fifa, através de e-mail, disse que está estudando formas de evitar que as trapalhadas se repitam. As chances de novos contratempos, porém, são grandes. Para a tristeza do torcedor, que pagou caro por um serviço e está recebendo outro bem pior.

“A Fifa e seu provedor de serviços de Alimentação e Bebidas enfrentaram uma série de desafios na operação dos estádios em função de complicações infraestruturais e logísticas. Neste momento estamos analisando essas questões para garantir que o serviço seja aprimorado e otimizado para os próximos jogos”, informou a entidade.

Escadaria assusta torcedores

Desde o fim do jogo entre Argentina e Bósnia, domingo à noite, começaram a circular nas redes sociais fotos e vídeos de uma escada temporária colocada na saída da estação multimodal do Maracanã. A estrutura liga a passarela da estação à calçada do Estádio do Maracanã e assustou torcedores na saída da partida por balançar excessivamente durante a subida das pessoas. O operador de vídeo Vladimir Nascimento, de 33 anos, usou a escada na saída do jogo e temeu um desabamento.

“Todo mundo ficou com medo. E, apesar de eu ir ao Maracanã há mais de 20 anos, não me dei conta quando comecei a subir. Era uma massa de gente subindo a escadaria. E a gente acaba indo no bolo. Quando chegamos lá no meio é que o troço começou a balançar. Mas aí já não dava para descer porque era muita gente subindo”, contou ele, em detalhes. A mesma estrutura foi utilizada na Copa das Confederações, ano passado. Ao observar o material colocada agora, é possível perceber o desnível entre os pisos da escada e até arames nas laterais.

‘Estrutura deve ser rígida’

Segundo Antônio Eulálio, que é engenheiro civil e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), a escada provisória no entorno do Estádio do Maracanã é feita com peças metálicas tubulares próprias de estruturas provisórias. Material semelhante foi usado na passarela da Linha Amarela, quando ocorreu o acidente que derrubou a estrutura fixa no início deste ano.

Vídeo postado em redes sociais mostra escadaria sacolejando após multidão deixar o estádio%2C domingo à noite. Ontem%2C funcionários soldavam parte da estrutura metálicaCarlo Wrede / Agência O Dia

Antônio Eulálio, no entanto, acredita que o sacolejar da estrutura demonstra que a escada não está dimensionada corretamente. “Ela não deve estar dimensionada para a carga que deve ser de 500 quilogramas/força, o que corresponde a sete pessoas por metro quadrado. Além disso, a estrutura tem que ser rígida”, afirmou o engenheiro, que disse que vai pedir hoje a autoridades as anotações técnicas do projeto e da construção da escada.

Ontem à noite, a reportagem verificou funcionários soldando a parte baixa das estruturas. Procurado, o governo do Rio disse que a escada foi vistoriada pela Defesa Civil antes do jogo e uma nova vistoria foi realizada ontem. A estrutura também foi reforçada mais uma vez.

Bola fora

- Lanche nota 0

O torcedor teve de enfrentar filas imensas nas lanchonetes, mas não havia nada além de bebidas quentes. Alimentos como cachorro-quentes, hambúrgueres, batatas e amendoim eram fictícios. Havia apenas nos letreiros. Para comer, apenas biscoito de polvilho, e olhe lá.

- Lojas sem sistema

Muita gente que pretendia voltar para casa com um produto oficial da Copa saiu do Maracanã de mãos abanando. As lojas oficiais da Fifa estavam sem sistema operacional e não havia como vender os produtos. Atendentes ficaram de braços cruzados.

- Falta d'água

Havia muitos banheiros sem água. E o pior: bebedouros. Com filas nos bares e sem água, o torcedor sofreu bastante com a sede dentro do estádio cuja reforma custou mais de R$ 1 bilhão.

- Violência

Houve algumas pequenas confusões dentro do estádio, e fora dele, bem na entrada, a pancadaria rolou solta entre os próprios argentinos.

- Invasão

A segurança reforçada também não evitou que pelo menos 20 torcedores argentinos pulassem o muro e entrassem no estádio sem pagar.

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