Rio - Acusados de matar um menor de 14 anos de idade e de atirar em outro adolescente, dois policiais militares lotados no 5º BPM (Praça da Harmonia) estão presos à disposição da Justiça. Eles foram conduzidos à Unidade Prisional da corporação – antigo Batalhão Especial Prisional (Bep) –, em Benfica, na Zona Norte do Rio, após o Plantão Judiciário expedir um mandado de prisão temporária contra eles, na madrugada de ontem.
Os cabos Fábio Magalhães Ferreira, 35 anos, e Vinícius Lima Vieira, 32, são acusados de deter dois menores que estariam praticando roubos na Avenida Presidente Vargas, próximo à Rua Uruguaiana, no Centro do Rio, na manhã da última quarta-feira, dia 11. Após cerca de dez minutos de perseguição os PMs alcançaram a dupla e a colocaram na viatura, que seguiu até o Morro do Sumaré, no Rio Comprido, aonde chegaram em aproximadamente 50 minutos. Todo o procedimento foi gravado pelas câmeras existente tanto na parte externa como na interna do carro e o trajeto foi confirmado pelo GPS do veículo.
A Divisão de Homicídios (DH) teve conhecimento do caso somente cinco dias depois, quando familiares de Mateus Alves dos Santos, 14 anos, procuraram a especializada para denunciar que o menino havia sido apreendido e executado por PMs. A informação foi dada a eles pelo sobrevivente, que não teve a idade divulgada. Baleado na perna e nas costas, ele se fingiu de morto e depois que a viatura foi embora desceu uma ribanceira até o Morro do Turano, de onde foi para casa, em uma comunidade localizada em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio.
Na última segunda-feira, dia 16, agentes da DH estiveram no alto do Morro do Sumaré, onde encontraram um corpo. O pai de Mateus reconheceu como sendo o filho, através das roupas. “Quero destacar a ajuda total, irrestrita e imediata da PM, que foi fundamental para essa investigação”, disse o delegado Rivaldo Barbosa, titular da especializada.
As imagens gravadas pelas câmeras da viatura mostram os momentos em que os adolescentes são colocados no banco de trás da viatura e quando os policiais descem o morro já sem a presença da dupla no carro. No entanto, não revela o que ocorreu do lado de fora. O áudio gravado está sendo analisado.
“Não temos condição de dizer o que eles efetivamente fizeram, mas a gente pressupõe que o fato tenha acontecido da maneira relatada”, declarou o coronel Sidney Camargo, chefe da Corregedoria Interna da PMERJ (CintPM). O oficial enfatizou que paralelamente ao processo na Justiça Comum, os policiais também vão responder a um Inquérito Policial Militar (IPM), na Justiça Militar.
“Para a DH está clara e evidente a participação dos PMs na execução do adolescente”, ressaltou Rivaldo Barbosa, antecipando que o áudio gravado pela viatura também será analisado. Um dos policiais se reservou ao direito de falar somente em juízo. Já o outro disse que eles realmente apreenderam os dois menores, mas que os liberaram no Sumaré após dar uma “reprimenda” neles.
Os agentes da DH tentam agora ouvir o sobrevivente. Eles vão oferecer uma vaga no programa de proteção às testemunhas para que o adolescente testemunhe sobre o crime. Os PMs vão responder por homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado.