Por bianca.lobianco

Rio - O ambiente democrático da praia ficou dividido no início da tarde de ontem. De um lado, torcedores da poderosa Itália. Do outro, costa-riquenhos sonhando com mais uma zebra após bater o Uruguai na estreia da Copa. Porém, quem via as duas torcidas no Fifa Fan Fest, instalado nas areias de Copacabana, tinha a impressão que os papéis estavam trocados.

Torcedores da Costa Rica%2C confiantes desde o início do jogo%2C explodem de alegria após a vitória contra a Itália%2C que terá de lutar para se classificarJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

Calados desde o início, os europeus pareciam apreensivos enquanto os latinos vibravam a cada dividida e esbanjavam confiança. “Vamos passar em primeiro lugar e chegar longe nesse Mundial”, garantia o costa-riquenho Oscar Bella quando o placar ainda estava em 0 a 0. Com o gol de cabeça de Ruíz no final do primeiro tempo, a tensão dos italianos acentuou-se ainda mais.

Em meio à festa da Costa Rica, o retrato do desespero da Azzurra ficou estampado no rosto de uma brasileira. Fanática pela seleção da Itália, Juliane Teixeira se dividia entre a felicidade por ver o jogo ao lado de outros torcedores e a tristeza pela má atuação do time. “Vi o último jogo sozinha, é muito bom estar aqui com eles", contou ela, no intervalo. “Mas a Itália está muito mal, precisa de mais atacantes”, reclamou Juliane, enrolada na bandeira tricolor.

Atendendo a pedidos, a Itália encheu-se de atacantes no segundo tempo. Contando os segundos, Bellas sofria a cada investida dos rivais. No fim, prevaleceram os costa-riquenhos, fazendo o clima nas torcidas terminar como havia começado.

No lado azul, tristeza e descrença. “Era para vencer esse jogo”, afirmou Paolo Baldi, que vive em Milão e tem ingressos para a final. “Vai ser difícil ganharmos do Uruguai”, disse ele. Já os torcedores vermelhos eram só alegria com a supremacia no campo de jogo e na areia da praia. “Vamos vencer a Inglaterra por 3 a 0. Nossa torcida é muito melhor que a dos europeus, somos mais quentes”, decretou Bellas iniciando a festa latino-americana em Copacabana.

Eliminados começam a deixar o Rio

Ainda falta um jogo para cada, mas a Copa do Mundo já terminou para Austrália e Inglaterra. Com as seleções sem chances no Mundial, os torcedores destes países já começaram a arrumar as malas para deixar a cidade, caso dos amigos ingleses Rahul Govada e Iqbal Channa, de 31 anos.

“Não estamos surpresos com o desempenho da Inglaterra, mas tínhamos esperança, claro. A gente já sabia que seria difícil. Só ficamos surpresos com a Costa Rica”, disse Rahul, que volta na terça-feira para Nova York, onde está morando, após duas semanas no Rio.

Já o australiano John Grant, 58, ainda tem esperança nesta Copa, já que, além do país natal, torce para Itália, que ainda tem chances de classificação. “Assistirei Austrália e Espanha em Curitiba, depois vou embora. Acompanharei a Itália de longe”, consolou-se.

País mais feliz do mundo

Um pequeno país de cerca de 4 milhões de habitantes, que disputa sua quinta Copa do Mundo, de belezas naturais sem igual. Esta é a Costa Rica, país sensação da primeira fase do Mundial ao derrotar os tradicionais Uruguai e Itália.

Além da paixão pelo futebol, a natureza é ponto forte da nação, localizada na América Central. O turismo é a principal atividade econômica e, desde 1949, não há Exército no país e todo o dinheiro que seria destinado às Forças Armadas foi realocado na educação.

Em 2009, a Costa Rica ganhou o título de ‘país mais feliz do mundo’. Depois de ontem, com a inédita classificação, alguém duvida disso?

Você pode gostar