Rio - Nada de Neymar, Fred ou qualquer jogador de linha. Os meninos do Grajaú agora sonham ser goleiros como Julio Cesar, depois que o craque defendeu dois pênaltis contra o Chile, que garantiram o Brasil nas quartas de final e a continuação do sonho pelo hexa. Para Matheus Aprigio, 7 anos, venerar o goleiro herói da Seleção não é novidade. “Chegou o melhor goleiro,” é o que todos dizem quando o menino entra na quadra do Grajaú Tênis Clube, para agarrar todas na categoria sub-7, onde Julio treina futsal. “Sonho ser goleiro profissional que nem ele. Fiquei muito nervoso com o jogo”, conta.
O irmão gêmeo Pedro, mesmo sendo ala direita, também torce muito pelo atleta do Toronto (Canadá). A admiração por Julio Cesar e a paixão pelo futebol os irmãos herdaram do pai. Ex-jogador do Botafogo e do São Cristóvão, Anderson Aprigio, 37, hoje incentiva o sonho dos filhos, enquanto lembra dos momentos em que conviveu com o goleiro da Seleção.
“Nos encontrávamos quando ele era do Flamengo. Apesar de vascaíno, sempre admirei o trabalho dele,” conta o hoje empresário. No sábado, ele reuniu os amigos e a família para assistir à partida contra a equipe chilena, que fez todo mundo em casa suar a camisa também.
O sufoco que o time brasileiro passou para conseguir mandar para casa a forte seleção do Chile aumentou ainda mais o orgulho dos moradores do Grajaú pelo filho prodígio. Na Praça Edmundo Rego, a criançada jogava bola ontem à tarde mais animada do em qualquer domingo. A Seleção tinha vencido e a estrela do Brasil na Copa tinha crescido no mesmo bairro que eles. “Meu pai é Vasco, mas sempre torci para o Julio Cesar”, disse Luis Eduardo, 5, ao lado dos amigos João Severino, 4 , e Daniel Bittencourt, 3.
Flamenguista, o jornalista Marcio Bittencourt, 42, pai de Daniel, não escondia a satisfação em dobro durante o passeio com a família. “Sempre morei aqui e sou Flamengo doente, é muita alegria ver alguém que frequentou os mesmos lugares que a gente salvando o Brasil na Copa do Mundo”, comemora.
A fisioterapeuta Suzana Botelho, 34, mãe do pequeno Luis Eduardo, garante que, apesar de novinho, o garoto já ama jogar e ver futebol na TV e fica nevoso. “Ele me perguntou quantos pênaltis o ídolo tinha agarrado, para poder comemorar,” conta.
'A Copa de 2014 é dele', diz amigo
O Grajaú, na Zona Norte, amanheceu ainda comemorando os dois pênaltis que o goleiro da Seleção agarrou e que o transformaram em herói da classificação do Brasil no jogo de sábado contra o Chile.
A autônoma Jô Guimarães, 53 anos, moradora da Rua Canavieiras, jura que pressentiu que aquele jogo era o momento da consagração do menino que cresceu com seu filho e amigos. “Eu falei: não está saindo gol, então hoje é o dia do nosso goleiro”, conta, ainda rouca.
O filho dela, o biólogo João Felipe Guimarães, 30, bateu bola com o jogador na adolescência. “Julio sempre foi gente boa. É bom saber que ele é do mesmo lugar que você. Rola identificação. Ele é sangue do Grajaú!”, brinca.
Frequentador do Bar do Adão, onde Julio reencontra os amigos quando está no Brasil, Sérgio Guimarães, há 45 anos morador do Grajaú, fala do craque com propriedade. “Ele é especial e sofreu em 2010. A Copa de 2014 é dele”, aposta o coordenador da escolinha de futebol do Grajaú Tênis Clube.