Rio - A atuação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo foi unânime: um fracasso. Já as cidades da Região Serrana do Rio ficaram divididas quanto ao que a competição trouxe de benefícios e prejuízos. Teresópolis, que abrigou a equipe brasileira durante o Mundial, lucrou durante o período. Bares e restaurantes registraram aumento de até 60% no movimento. As pousadas, hotéis e albergues tiveram um movimento acima do esperado. Já Petropolis e Nova Friburgo tiveram retração parcial no movimento.
“Essa época do ano é de alta temporada, mas, mesmo assim, houve um aumento muito significativo devido à estadia do Brasil aqui. A ocupação dos 5.124 leitos do município, que é de 70% nesse período, ficou em torno de 93%”, avaliou o vice-presidente do Convention Bureau, Fábio Costa Velho. Ele afirmou ainda que Teresópolis vai realizar eventos como o Festival de Inverno, o da Cerveja e o da Truta, além do Choco Serra, para que não haja uma debandada muito grande no número de turistas nesta temporada.

Em Petrópolis, a maior competição de futebol do planeta gerou perdas e ganhos. Para a presidente da Fundação de Cultura e Turismo da cidade, Thaís Ferreira, muitas pessoas de fora se deslocaram para o município, mas não só por causa da Copa. “Equipes de televisão do mundo inteiro vieram aqui para divulgar a cidade e isso acabou contribuindo para que muitos estrangeiros viessem para cá. A Bauernfest, por exemplo, que em 2013 contou com 180 mil pessoas, esse ano teve cerca de 215 mil visitantes. Acredito que esse aumento se deu pelo Mundial”, destacou, ao lembrar a segunda maior festa da colônia alemã no país.
A proprietária da Pousada Vettore, Leiva Maria Daniel, 52 anos, adorou a Copa do Mundo, principalmente pela ocupação de seu estabelecimento. “Muitos estrangeiros procuraram a pousada para ficar. Belgas, colombianos, australianos, chilenos e americanos se hospedaram aqui. Durante a semana, tínhamos 30% de ocupação. No mês de junho, aqui ficou lotado. Diversas pessoas ligavam para reservar os quartos, mas não tinha mais nada”, revelou.
Já o dono do restaurante Paladar, João Carlos Seghatti, 48, reclamou do movimento durante toda a Copa. “Muitos frequentadores daqui acabaram indo para Teresópolis, onde estava a Seleção. O perfil de quem veio para cá mudou, recebi alguns ‘gringos’, mas o movimento diminuiu drasticamente. Fiz os cálculos e acabei tendo um prejuízo de 30%”, disse.
Em Friburgo, hotel reclama de retração
Em Nova Friburgo houve divergência de opiniões quanto à passagem da Seleção Brasileira pela Região Serrana, em especial, na cidade de Teresópolis. A gerente do Hotel Mount Everes, Silma Carvalho, destacou que o mês de junho teve o pior movimento em anos e isso trouxe danos ao local. “Estou há 16 anos nesse ramo e nunca vi algo parecido. O movimento entre junho e julho, que normalmente é de 80%, durante a Copa foi de 51%. As pessoas preferiram ir para Teresópolis e para o Rio. O que nos resta é torcer para que tudo se normalize logo”.
Para o secretário de Turismo, Nauro Eduardo Grehs, no entanto, a movimentação em hotéis e pousadas só diminuiu no setor de turismo de negócios. Segundo ele, o turismo normal da cidade, e não o “turista de Copa”, continua procurando o município normalmente.
“O que aconteceu foi a queda do turismo de negócios. Em contrapartida, esse ano, houve um aumento de 20% de hóspedes em relação a junho de 2013.” Ele lembrou que o comércio teve uma queda acentuada graças aos feriados estabelecidos pelo Mundial. “Alguns restaurantes não abriram, o que acabou ocasionando um prejuízo aos comerciantes”, disse o secretário.
Reportagem de Eduardo Ferreira