Por thiago.antunes

Rio - No quebra-cabeça da morte de Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, a procura por peças que expliquem os motivos do crime pode não ser direcionada apenas por hipóteses de antigas dívidas do ex-traficante ou disputas por territórios no Complexo da Mangueira. A Divisão de Homicídios (DH) investiga também a suspeita de uma possível mudança de aliados por parte da vítima, que poderia ter se juntado à facções rivais do Comando Vermelho (CV) para retomar o controle da venda de drogas na comunidade.

Informações preliminares repassadas aos investigadores remetem à existência de um suposto plano articulado por Tuchinha, que trabalhava, desde que saiu da cadeia, no AfroReggae, para atacar seus ex-aliados. Aproveitando-se do enfraquecimento dos traficantes locais em decorrência da ocupação policial, a vítima então retomaria o controle geral na venda de drogas com o apoio dos bandidos rivais. Segundo a polícia, há indícios de que ele ainda mantinha envolvimento com o tráfico local.

Tuchinha foi morto esta semana: ele trabalhava no AfroReggaeFabio Gonçalves / Agência O Dia

No entanto, ainda há divergências sobre a facção em questão. Em uma das pontas das investigações há a proximidade e suspeita de acordo com Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vintém, um dos fundadores dos Amigos dos Amigos (A.D.A) que, embora preso, ainda é chefe do crime na Vila Vintém, em Padre Miguel. A coroa de flores no enterro com os dizeres ‘Amigas de Padre Miguel’ e a presença de um ex-traficante do ADA, que também trabalha no AfroReggae, reforçariam a tese.

No entanto, a polícia também recebeu informações de que a união poderia ter ocorrido com bandidos do Terceiro Comando Puro (T.C.P), hipótese essa que, inclusive, tem gerado um grande boato na comunidade.
A todo instante, moradores utilizam as redes sociais para especular sobre a mudança no controle de venda de drogas na Mangueira.

Segunda morte seria retaliação

Tuchinha foi atingido por cinco tiros de pistolas 40 e 45 na tarde de terça-feira enquanto esperava para lavar o carro na Rua da Prata, no Morro do Telégrafo. Minutos depois, Guilherme Augusto Souza Nascimento foi executado com pelos 20 tiros de 9mm a aproximadamente 150 metros do local.

Para a polícia, a morte da segunda vítima pode ter sido uma retaliação ao assassinato do ex-chefe da Mangueira. A hipótese é de que Guilherme poderia ter repassado informações de Tuchinha aos autores sobre sua localização, para facilitar a sua execução.

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