O presidente da feira, Gustavo Lopes, disse que metade dos feirantes nunca gastou nada com o serviço. “Eu, como muitos outros, monto e desmonto a minha barraca, e depois guardo na minha casa. Se a empresa não vier e deixar de fazer a montagem algum dia, vou perder dinheiro”, diz. Já a artista plástica Leia dos Santos, que trabalha há 20 anos na feira, afirma que gasta R$ 15 por dia pelo serviço: “Esse valor fechado com a prefeitura é absurdo. Tem um menino de uma comunidade que nos cobra R$ 20 por semana para montar as barracas e uma transportadora que por R$ 50 carrega e armazena”.
O secretário municipal de Conservação, Marcus Belchior, afirmou ao DIA que o valor do contrato não é alto porque inclui itens como o seguro das barracas. Além disso, disse que a prefeitura ganhou o poder de interferir na feira devido ao decreto 39.230, assinado em setembro deste ano, pelo prefeito Eduardo Paes. O decreto diz que “caberá à secretaria, diretamente ou mediante contratação de terceiros, a responsabilidade pela logística de operação da feira”.
“Não havia ordenação, os feirantes chegavam às vezes 11h para montar as barracas. A Associação de Moradores de Copacabana reclamava”, disse o secretário. Segundo ele, uma empresa chegou a oferecer R$ 300 por dia pelo serviço, mas estava com a documentação falha.
Barracas cedidas por empresa quebraram em teste
Com o mesmo argumento de modernizar a feira, que ganhará mais visibilidade com a inauguração do vizinho Museu da Imagem e do Som, a prefeitura também trocou as barracas da feira, que não foram aprovadas pelos feirantes. No primeiro dia de testes, na última quarta-feira, elas ficaram inundadas pela chuva, e precisaram ser recolhidas pela prefeitura para novas adaptações.
Falta de transparência é criticada
A imposição da prefeitura sobre a feira, com a contratação da empresa de logística e as novas barracas, foi repudiada por vereadores na Câmara Municipal. Para o vereador Reimont (PT), que é o intermediário das conversas entre a prefeitura e os feirantes, faltou diálogo. “Eles sempre se subsidiaram e nunca tiveram problemas”, disse. A vereadora Teresa Bergher (PSDB) criticou o fato de a prefeitura não ter revelado qual empresa pagou pelo serviço de transporte, montagem e guarda, mês passado, durante os testes para implantação do serviço.
É que neste período uma empresa do ramo imobiliário custeou os serviços de logística feitos pela MET — que depois ganhou a licitação da prefeitura. “Toda doação precisa passar por processo, que deve ser público”, disse. O vereador Eliomar Coelho (Psol) afirmou que poderá processar a prefeitura pela omissão. “Nenhum jantar é de graça. Quero saber o que está por trás dessa doação.”




