Por thiago.antunes
Rio - O deputado federal Jair Bolsonaro (PP) se envolveu em mais uma polêmica nesta terça-feira. Desta vez, o parlamentar mais votado no Rio nas eleições deste ano insultou a colega de plenário, Maria do Rosário (PT), afirmando que não a estupraria 'porque ela não merece'. Bolsonaro já havia dito a mesma fala em 2003, durante participação no programa 'Superpop', da Rede TV.
Nesta quarta-feira, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a deputada elogiou o trabalho da Comissão da Verdade, que investiga os crimes cometidos durante a Ditadura Militar. Ao perceber que Maria do Rosário deixava o plenário durante a sua fala, Bolsonaro se exaltou. "Não sai daqui não, Maria do Rosário. Fica aí, fica. Há poucos dias você me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir", disse Bolsonaro. Um vídeo da sessão, gravada pela TV Câmara, mostra o momento do insulto.

Procurada, a assessoria de Jair Bolsonaro informou que o parlamentar não vai emitir nenhum comunicado sobre o ocorrido. O deputado deverá ser alvo de processo por quebra de decoro parlamentar pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Publicidade
A bancada do PT divulgou nota em repúdio às declarações de Bolsonaro, com a promessa de ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de ofensa cometido pelo congressista. O partido tem o apoio da bancada feminina, além de aliados como PC do B e Psol.
“A barbárie cometida hoje no plenário da Câmara ofende a cidadania brasileira. No âmbito do Parlamento e do Judiciário, todas as iniciativas serão tomadas por nós, parlamentares da bancada do PT, já que as ameaças demonstram total desrespeito à condição de representante desse país”, disse a nota.
Publicidade

No último dia 4, o filho de Bolsonaro, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP) foi condenado a pagar uma multa de 20 salários mínimos pela juíza auxiliar da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, do Tribunal de Justiça do Rio, Flavia Beatriz Borges Bastos de Oliveira. Segundo a sentença, Bolsonaro violou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ao divulgar e manter, em seu site, a foto de um adolescente infrator, acusado de estupro.

Deputado faz campanha para 2018

‘Líder! Líder!” Foi assim que o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) foi saudado antes da formatura dos aspirantes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no dia 29 de novembro. Enquanto os novos oficiais se alinhavam para a solenidade, ele se dirigiu ao grupo e fez, em um minuto e vinte segundos, seu primeiro comício como candidato à Presidência da República em 2018. Ovacionado pela turma, disse que “alguns vão morrer pelo caminho”, mas que está disposto, “seja o que Deus quiser”, a jogar o Brasil para a “direita” daqui a quatro anos. Mas o Ministério Público Militar (MPM) quer silenciar os aplausos: o órgão abriu investigação para apurar normas violadas pelo discurso do parlamentar.

Bolsonaro foi o deputado federal do Rio mais votado nas eleições de 2014 Ernesto Carriço / Agência O Dia em 22.03.2014

Segundo a Procuradoria-Geral da Justiça Militar, o Regulamento Disciplinar do Exército prevê que “autorizar, promover ou tomar parte em qualquer manifestação de caráter político” constitui uma transgressão que pode resultar em punições para os oficiais, que vão desde advertência até a “exclusão a bem da disciplina”. O vídeo será analisado pelo órgão. Ao DIA, Bolsonaro negou ter feito discurso político e disse que o encontro foi espontâneo.

“Nós temos que mudar este Brasil, tá ok?”, bradou o deputado, durante o discurso. Com o punho em riste, falou de sua “disposição” em tentar se eleger presidente daqui a quatro anos e ouviu, em resposta, mais aplausos e gritos de “líder!”. Empolgado, disse que seu compromisso é dar a vida pela pátria e se dirigiu aos recém-formados num apelo: “Nós amamos o Brasil, temos valores e vamos preservá-los”. Depois, amenizou o tom para falar dos riscos de sua candidatura. “Posso ficar sem nada, mas terei a satisfação de dever cumprido”.

O encerramento da breve fala é um balanço de sua atuação como parlamentar, no estilo feroz que caracteriza seus discursos no Congresso. “Há 24 anos apanho igual a um desgraçado em Brasília, mas apanho de bandidos. E apanhar de bandidos é motivo de orgulho e glória. Um abraço a todos!”, despediu-se.
Publicidade