Por felipe.martins

Rio - O Governo do Estado depositou, nesta quinta-feira, os valores referentes às indenizações por danos materiais e morais aos pais do menino Eduardo de Jesus Ferreira, morto no Complexo do Alemão, no dia 2 de abril, durante operação policial. Por determinação do governador Luiz Fernando Pezão, o processo correu em rito sumaríssimo. Segundo o governo, os recursos estão disponíveis, nesta sexta-feira, nas contas bancárias individuais da mãe, Terezinha Maria de Jesus, e do pai, José Maria Ferreira de Souza.

Eduardo Ferreira estava sentado com o caderno escolar na porta de casa quando foi atingidoReprodução

Além das indenizações, o acordo ainda prevê o pagamento de pensões mensais aos pais, a contar de 17 de setembro de 2018, quando o menino completaria 14 anos de idade, até 17 de setembro de 2069, data em que o jovem faria 65 anos de idade.  De acordo com o governo, a fim de preservar a família, os valores pagos não podem ser divulgados, segundo o acordo firmado entre os pais e o Estado.

- Sei que nada vai reparar a perda e aliviar a dor e o sofrimento dos pais do menino Eduardo, mas a indenização é o mínimo que o Estado pode fazer para ajudar a família a reconstruir suas vidas – disse o governador.

O Governo do Estado também arcou com as despesas do traslado e sepultamento do corpo do menino Eduardo de Jesus no Piauí, e também a viagem dos pais aquele estado. Além disso, técnicos da Secretaria estadual de Assistência Social estão prestando assistência e amparo psicológico à família do menino.

Relembre o caso

O menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, foi morto com um  tiro de fuzil quando brincava na porta de casa, na localidade do Areal.  Um dos dois policiais que participaram da operação no Complexo do Alemão em que morreu o menino admitiu que efetuou dois disparos de fuzil na direção dos bandidos, enquanto o seu colega atirou uma vez. Abalados, os dois receberam licença médica.

O governador Luiz Fernando Pezão admitiu  que houve erro da Polícia Militar nas ações que resultaram na morte de Eduardo de Jesus e da moradora Elizabeth Alves de Souza, ambos na primeira semana deste mês, no Complexo do Alemão. O governador reconheceu que houve falta de treinamentos dos policiais. "É lamentável (a atuação dos PMs). No primeiro momento, me solidarizei com a família. Foi um erro que ninguém admite"., disse o governador.

Amedontrada com a violência no Rio, a família do garoto voltou para o Piauí, estado natal. A mãe do menino, Terezinha, trabalhava como diarista  ma capital fluminense e o marido, como ajudante de pedreiro. Mesmo  sem emprego certo, o casal decidiu retornar à cidade de Corrente, no Piauí. 

Pai diz que PM chamou filho de vagabundo

"Quando fui socorrer meu filho, o PM falou que eu era vagabundo que nem ele. Falou que matou um vagabundo que era filho de um vagabundo", declarou o ajudante de pedreiro. "Sou trabalhador, trabalho de carteira assinada", completou.

Eduardo sonhava em ser bombeiro, segundo a família era o primeiro da classe e querido pelos professores. O menino iria começar dois cursos na próxima quarta-feira, um de informática e outro de gestão empresarial. Ele estudou no Ciep Maestro Franciso Migmome, em Olaria, e estava no quinto ano.

Segundo a irmã, Ana Flávia, "foi uma grande covardia o que fizeram com ele". "Eduardo era um menino estudioso, animado, que se divertia e gostava de jogar bola", disse.


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