Por nicolas.satriano

Rio - No samba mais famoso da Unidos de Vila Isabel (‘Kizomba-Festa da Raça’, de 1988), o compositor Martinho da Vila versava: “Tem a força da Cultura/ Tem a arte e a bravura/ E um bom jogo de cintura/Faz valer seus ideais”. É com esta capacidade de se reerguer que a atual diretoria da agremiação conta para um desfecho positivo diante de um imbróglio judicial que vem atrapalhando o planejamento para o Carnaval de 2016. Um acordo não cumprido, do ano de 2011, para reforma na acústica da quadra acarretou multa e fechamento do local para qualquer atividade desde a última quinta-feira

No sábado, a tradicional feijoada da escola não aconteceu. Ontem, de acordo com o colunista Léo Dias, 50 torcedores da Vila protestaram contra a decisão da 49ª Vara Cível, que também prevê o pagamento de R$ 179.718,54. Eles temem que os tradicionais ensaios dos ritmistas não possam mais ocorrer.

A quadra da Vila Isabel%2C no Boulevard 28 de setembro%2C tem o portão lacrado pela Justiça desde quinta-feiraAndré Mourão / Agência O Dia

Segundo a responsável pela quadra, Sandra Aroeira, o presidente de honra da Vila, Martinho da Vila, e o atual mandatário, Luciano Vieira, o Luciano da Vila, já compareceram ao Ministério Público, onde deram início às negociações. “Pedimos o parcelamento em 36 vezes de R$ 5 mil. Estamos dispostos a fazer o que for para reabrir a quadra, que hoje é a nossa principal fonte de renda”, garantiu. A origem do débito se deu por causa das frequentes queixas de vizinhos por conta do barulho dos ensaios.

O então presidente Wilsinho Alves teria condicionado, em acordo, a obra no prédio tombado ao plantio de mudas de árvores na Grande Tijuca. “Já contatamos a Fundação Parques e Jardins e o Jardim Botânico e pedimos doações para o plantio. Estamos tomando as medidas que estão ao nosso alcance para conseguir o alvará de reabertura o quanto antes”, garantiu Sandra.

Diretoria atual culpa a anterior

As desavenças entre as últimas diretorias à frente da Vila Isabel vieram à tona, mais uma vez, com o impasse. O grupo de Luciano da Vila garante que foi surpreendido com o débito e com o acordo pendente, que nunca teria sido informado pela gestão de Elizabeth Aquino (Dona Beta), que se afastou no mês passado.

Atualmente, a agremiação conta com dez funcionários trabalhando na quadra. Além destes, pelo menos outros 20, que trabalham no barracão, são remunerados com a verba decorrente da locação da quadra para shows. A verba de projetos sociais, como o ‘Rio em Forma’, que possui três núcleos na escola, complementam a renda até o mês de agosto, quando as primeiras parcelas das receitas de TV devem chegar.

Enquanto a situação da quadra não for resolvida, os projetos serão tocados na Vila Olímpica do bairro. Comenta-se que a escola falará sobre a história do político de Miguel Arraes na Marquês de Sapucaí.

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