Por bferreira

Rio - O presidente eleito do Sindicato dos Comerciários do Rio, Márcio Ayer, afirmou ontem que uma de suas prioridades será o lançamento de uma campanha salarial para a categoria. Pela lei do piso regional, os comerciários têm salário inicial de R$ 988,60, mas as convenções coletivas aprovadas com os sindicatos patronais estabelecem valores menores, que são os que vigoram na prática.

Márcio Ayer Andrade (ao centro) foi eleito o novo presidente do Sindicato dos Comerciários do RioCTB

As convenções fechadas com a Fecomércio e com o Sindilojas, por exemplo, determinam piso de R$ 965 para empacotadores e etiquetadores, e de R$ 988,60 para vendedores e balconistas. Além disso, admite-se que os trabalhadores em contrato de experiência recebam R$797. “Como teve a intervenção, houve a prorrogação do acordo coletivo do ano passado, apenas com o reajuste da inflação. Temos a perspectiva de lançar grande campanha salarial”, afirma Ayer.

O resultado das eleições do Sindicato dos Comerciários foi divulgado na manhã de ontem, com ampla vitória da Chapa 1. O grupo, da central CTB, teve 877 votos, contra 44 para Chapa 2 e 143 votos da Chapa 3. Em nota, a Chapa 3, que acusou o interventor José Carlos Nunes de apoiar a Chapa 1, voltou a critica a postura dele na condução do processo. “A mancha por ele deixada será tão difícil de apagar quando os duros anos de permanência da família Mata Roma na direção”, informa um trecho.

Até amanhã, as chapas poderão entrar com recursos contra o resultado. Até o fim da tarde de ontem, nenhuma havia recorrido.

A posse da nova diretoria, prevista para semana que vem, marca o fim da intervenção judicial determinada pela Justiça do Trabalho em outubro de 2014. O procedimento foi feito para afastar a família Mata Roma da presidência do sindicato, posição mantida desde a década de 1960. A intervenção determinou o afastamento de Otton Mata Roma e de quatro diretores da presidência.

As investigações sobre desvios ainda estão em curso em Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Trabalho. Relatório parcial da auditoria nas contas de 2009 a 2014 apontou rombo de pelo menos R$ 100 milhões no sindicato. Entretanto, auditores buscam por documentos anteriores a 2009.

Polícia ainda apura circunstâncias de invasão e depredação da sede

A Polícia concluiu ontem a transferência dos 202 vândalos que invadiram e depredaram a sede do sindicato na madrugada de quarta-feira. Eles foram levados da Cidade da Polícia para um presídio de Bangu.

Entre os presos, 20% possuíam passagem pela polícia, por crimes que variam de estelionato a estupro. A polícia ainda investiga quem foi o mandante do atentado.

“Eles contam que foram contratados por R$ 100 mais a alimentação para participar de uma manifestação”, afirma o delegado Marcus Oliveira, responsável pela investigação. Ele disse ainda que o inquérito vai continuar para ajudar quem teria ordenado esta contratação.

Em nota, a Chapa 3, que foi vencida nas eleições, negou novamente estar ligada ao ato de vandalismo. “Esperamos que as autoridades e os órgãos competentes de segurança pública aprofundem as investigações dos fatos ocorridos e apontem, o mais breve possível, os culpados por tamanha barbaridade contra a Casa dos Comerciários”.

O interventor do sindicato, José Carlos Nunes, disse que a equipe interventora ainda está avaliando os prejuízos após a invasão à sede da entidade do Rio. De acordo com ele, ainda é cedo para calcular os valores em dinheiro.

A lista parcial dos prejuízos inclui 27 portas de madeira quebradas, R$ 4 mil em dinheiro e R$ 40 mil em cheques pré-datados rasgados e documentos médicos e mais de 20 fechaduras de portas de madeira danificadas.

Os invasores chegaram ao Rio em ônibus vindos de São Paulo. Segundo testemunhas, ao invadir a sede, eles procuravam por documentos.


Você pode gostar