Rio - A família de Rafael Camilo Neris, de 23 anos, acusa os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de ter assassinado o jovem na noite de domingo, durante operação no Morro da Coroa, no Rio Comprido. Na manhã desta segunda, no Instituto Médico Legal (IML) para a liberação do corpo, o pai da vítima, Alberto Neris, acusou os policiais militares de terem assassinado o jovem.
"Meu filho foi baleado pelo Bope. Me sinto muito injustiçado. Temos como provar que mataram um trabalhador, uma pessoa de bem", garante.
Segundo a Polícia Militar, criminosos atacaram os PMs durante patrulhamento no Morro da Coroa, houve um confronto com bandidos. Dois suspeitos morreram no Hospital Municipal Souza Aguiar, e outro foi ferido. Com eles, de acordo com a PM, foram apreendidas duas pistolas, cinco granadas, cinco carregadores e munições. A PM está se há uma quarta pessoa, que seria Rafael Camilo.
"Ele morreu como vagabundo e ele não era. Foi tudo armado para que ele parecesse um bandido. Os impostos pagam o trabalho da polícia e ele pagou para morrer", desabafou Diego Pardin, amigo de Rafael.
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Segundo a família, eles foram avisados pelos moradores de que Rafaela havia sido baleado. Eles encontraram o corpo no Hospital Souza Aguiar sem documentos e a mochila. "Ele era um ótimo marido, muito trabalhador. Acordava todos os dias às quatro da manhã e tinha muitos planos. A gente quer mostrar que ele não era bandido. Encontramos o Rafael no hospital como indigente", afirma Rosana Macedo, casada há seis meses com Rafael.
De acordo com a família, Rafael Neris morava no Catumbi, tinha uma empresa de transporte e também trabalhava como entregador de pizza em Santa Teresa. "O pior é que vai virar estatística. É triste saber disso. Até agora ninguém nos procurou para tratar do caso, estamos resolvendo tudo sozinho", diz Alessandra Neris, irmã da vítima.
Através das redes sociais, amigos e parentes lamentaram a morte de Rafael Neris e questionaram a falta de segurança na cidade: "Sem palavras, pois você está em nossos corações. Primo, te amo! Sempre te amarei, descansa em paz e olhe por nós. Rafael Neris, mais uma vitima. Cadê nossa proteção?". "Guerra que nunca vai acabar, infelizmente. E no final, sempre acaba morrendo um inocente". "O estado mata outro trabalhador! Que vergonha, raiva, sentimento de insegurança e impotência. Onde vamos parar?".
Reportagem de Clara Vieira