Por felipe.martins

Rio - As investigações da morte do estudante Allan de Souza Lima, de 15 anos, na noite de 20 de fevereiro deste ano, na Favela Palmeirinha, em Honório Gurgel, criaram uma ‘saia justa’ entre as polícias Militar e Civil. A Delegacia de Homicídios (DH) solicitou, mas a PM teria negado, o envio de imagens de câmeras das viaturas 52-2507, 52-2416 e 52-2559. Os equipamentos flagraram o momento em que o sargento do 9º BPM (Rocha Miranda), Ricardo Vagner Gomes, efetuou 11 disparos, que teriam matado o rapaz. As câmeras filmaram ainda o momento em que ele manuseava uma pistola 380 e um revólver 38, que teriam sido “plantadas” (forjadas) pelo agente no local do crime, conforme o DIA revelou nesta segunda-feira com exclusividade.

Chauam foi ferido no peito, mas sobreviveu e prestou depoimentoSeverino Silva / Agência O Dia

Ricardo é apontado como o principal responsável pela morte do adolescente, de acordo com a conclusão do Inquérito Policial Militar sobre o caso. A Polícia Civil teria recebido “informações preliminares” de que não teria registro de gravações das câmeras, mas o relatório final do IPM se baseou justamente nas imagens captadas pelos carros da corporação envolvidos na ocorrência.

Em nota, a Polícia Civil confirmou que ainda aguarda o envio de imagens das câmeras das viaturas solicitadas à PM pela DH. Nas investigações, a delegacia vem se baseando apenas em depoimentos de testemunhas e nas imagens do celular de Allan. Mesmo agonizando, a vítima manteve o aparelho gravando a ação da PM, que também deixou ferido com um tiro no peito o amigo de Allan, Chauam Cezário.

Em nota, a PM informou que só vai se pronunciar hoje sobre a alegação da DH. A corporação adiantou que Ricardo e os outros quatro policiais dos nove investigados — tenente Paulo Rodolpho Batista de Oliveira; o cabo Carlos Eduardo Domingues Alves, e os soldados Luis Gustavo Rodrigues Antunes e Allan de Lima Monteiro — foram submetidos a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e poderão ser expulsos da corporação em breve.

Na nota, a PM ressalta que “o IPM concluiu que há indícios de crime de competência da Justiça Militar” pelos cinco envolvidos diretamente no caso. O texto diz ainda que há também indícios de crime de competência da Justiça comum pelo sargento Ricardo. “O graduado tinha como prever o resultado de suas ações e assumiu o risco de produzi-lo”, justifica o IPM. Até o fechamento desta edição, a PM não informou se os acusados estão trabalhando nas ruas.

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