Rio - Aproximadamente 100 pessoas estiveram no sepultamento do jovem Rafael Camilo Neris, de 23 anos, no início da tarde desta terça-feira, no Cemitério do Catumbi. Muitos vestindo camisas brancas, com uma foto da vítima, eles pediram por Justiça. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) são acusados pela morte do rapaz, durante operação no Morro da Coroa, no Rio Comprido, na noite do último domingo.
Bastante abalada, a mãe de Rafael, Lúcia Helena Camilo Neres, foi consolada a todo momento e não quis falar com a imprensa. Antes do sepultamento do filho, ela que usava a camisa com a foto de Rafael, disse, em entrevista ao 'RJTV', que uma suposta testemunha avistou o rapaz sendo abordado por policiais, atingido por um tiro no peito e jogado para dentro de um carro. Em seguida, ele teria sido retirado do veículo e baleado na cabeça. As armas dos policiais já foram apreendidas pela Polícia Civil. No momento do sepultamento, o pai da vítima, Alberto Neres, desabafou: "Meu filho foi executado, mataram ele. Pura covardia".
Amigo de Rafael, Diego Pardim, 23 anos, estava inconformado com a morte do entregador. "Ele ficou no fogo cruzado. Uma coisa é certa: Rafael não foi vitima de bala perdida. Bala perdida não acerta duas vezes a mesma pessoa, não tira documentos e nem arranca sapatos", disse.
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Logo após o sepultamento, um grupo de cerca de cem pessoas caminhou até o sentido Zona Sul do Túnel Santa Bárbara, fechando a via em direção ao Palácio Guanabara. Chegando em frente a sede do Governo do Estado, motociclistas amigos de Rafael colocaram seus capacetes no chão, em volta de uma camisa com a foto da vítima. Em seguida, eles deram as mãos, realizaram uma oração e gritaram: 'Rafael trabalhador'. Um dos manifestantes segurava um cartaz que dizia: "Dor de mãe de filhos assassinados não tem preço".
Eles foram acompanhados por diversas viaturas do Batalhão de Choque. Alguns soltaram bombas, assustando algumas pessoas que transitavam pelo local. A Rua Pinheiro Machado, próxima ao local, foi interditada. Por volta de 17h, a manifestação seguiu de volta ao Catumbi e fechou o Túnel Santa Bárbara naquele sentido.
De acordo com os familiares, Rafael Camilo foi morto enquanto trabalhava no último domingo, entregando pizza. Segundo a Polícia Militar, o comando do Bope instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias do fato. As armas dos policiais foram apreendidas pela 5ªDP (Mem de Sá) e encaminhadas para perícia.
Familiares são recebidos por representante do governo do estado
Cinco familiares de Rafael foram recebidos pelo chefe de gabiente do governador Luiz Fernando Pezão, dentre eles a viúva Rosana Rodrigues e a irmã, Alessandra Neris. Uma reunião com o secretário de Segurança Pública foi marcada para esta semana. Amigos sentaram em frente ao Pálácio Guanabara e cobriram motocicletas com pano preto em sinal luto.