Por felipe.martins

Rio -  A Coordenadoria de Direitos Humanos do Ministério Público do Rio pediu, nesta sexta-feira, rigor na investigação da Polícia Civil no caso de preconceito contra a jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju. A 'moça do tempo' do Jornal Nacional foi vítima de ataques racistas publicados na seção de comentários da página do telejornal da TV Globo.  

A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) está investigando o caso para chegar aos autores das falas racistas. Diz a nota: 

'Diante das inúmeras ofensas publicadas à jornalista Maria Júlia Coutinho na página do “Jornal Nacional” no Facebook, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Coordenadoria de Direitos Humanos, solicitou à Promotoria de Investigação Penal que acompanhe o caso, com rigor, junto à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI)'.

Maria Júlia, garota do tempo do 'Jornal Nacional', foi vítima de ataques racistasReprodução

Jornalista Glória Maria presta solidariedade: 'Sofri ataques racistas por 10 anos'

A jornalista e apresentadora Glória Maria, em entrevista ao colunista Bruno Astuto, da revista Época, prestou apoio à jornalista Maria Júlia Coutinho. Glória foi a primeira repórter negra a aparecer em rede nacional na emissora carioca e a primeira negra a apresentar o Jornal Nacional e o Fantástico, principais produtos do jornalismo global. 

"O que eu digo para a Maju é que ela vá em frente e não desista nunca, porque é isso que os racistas querem, que a gente fraqueje e desista. Mas que ela fique mais forte com essa experiência e siga adiante", disse ela. 

'O que eu digo para a Maju é que ela vá em frente e não desista nunca', diz Glória MariaReprodução Internet

Glória lembrou que foi alvo de racismo durante os quase dez anos que apresentou o dominical, de 1998 a 2007. "Essa é a prova do que eu sempre disse, que o racismo nunca vai acabar. O que ela está passando hoje, eu vivi no Fantástico. Recebia os comentários por cartas e, depois, por e-mails. Não era uma declaração pública e vinha diretamente a mim, atingia a minha alma e meu coração. Hoje atinge o Brasil. A diferença é essa. Eu tinha que aguentar o tranco sozinha. Isso que ela está vivendo é a normalidade do brasileiro. Mas nunca fraquejei, nunca desisti".

William Bonner e Renata Vasconcelos gravam vídeo de apoio

William Bonner ficou irritado ao saber que sua colega de trabalho, Maria Julia Coutinho, a quem apelidou carinhosamente de Maju, foi vítima de ataques racistas na web e decidiu gravar um vídeo em apoio a jornalista. Na imagem, ele aparece ao lado de Renata Vasconcellos, âncora do "JN", e ao fundo mostra toda a equipe do telejornal. Nas mãos eles seguram um cartaz escrito "somos todos Maju". "Esse é o recado do 'Jornal Nacional', somos todos Maju", diz o apresentador no vídeo.






Ataques na página ofical do 'JN'

A jornalista Maria Julia Coutinho foi alvo de comentários racistas em uma publicação do "Jornal Nacional" em sua página oficial no Facebook. Alguns internautas afirmaram que "Maju", que fala sobre a previsão do tempo, só entrou no JN por causa das "cotas". Admiradores da jornalista se manifestaram em seu favor, dizendo que a atitude era lamentável, principalmente em um país miscigenado.

"Só conseguiu emprego no 'Jornal Nacional' por causa das cotas. Preta imunda", publicou um internauta.

"Não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta não", disse outro.

"País mais miscigenado do mundo e ainda temos que ficar lendo esses comentários racistas. Lamentável", afirmou Claydson Vieira. "A moça é linda, inteligente e ganha bem mais do que vocês", completou o internauta.

'Não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta'%2C diz um dos comentários racistas sobre Maju Reprodução Internet

"Aos racistas um aviso: internet não é terra sem lei e se vocês acham que podem destilar toda a podridão que existe no interior de vocês só porque usam fakes, estão enganados. Espero que vocês se ferrem muito", afirmou a internauta Martha Bernardo Duarte.


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