Rio - Reforçando a estatística negativa, o agente da Polícia Civil José Carlos Fernandes Garcia, 51 anos, assassinado a tiros neste sábado, é 45º policial morto em 2015, seja em ação ou fora de serviço. Além disso, outros 126 agentes de segurança foram feridos por disparos no Rio no mesmo período. A região onde a vítima foi executada é considerada como uma das mais perigosas do estado pela quantidade de favelas. Entre elas está o Complexo do Chapadão, que se transformou em um QG de bandidos do Comando Vermelho (CV) que fugiram de áreas pacificadas.
Para policiais que trabalham em Costa Barros ou circulam por bairros próximos do conjunto de favelas, o risco é sempre iminente. Além de Garcia, um PM já havia sido atacado em Anchieta este ano. Lotado no 41º BPM (Irajá), o subtenente Castro foi baleado na Praça Nazaré quando realizava patrulhamento de rotina. O local fica próximo à Favela Parque Esperança. De acordo com a polícia, a região é usada como abrigo por bandidos do Chapadão.
Em mais de sete meses, outros dois PMs foram baleados em Coelho Neto, durante patrulhamento, dois sargentos foram mortos em operações distintas no Chapadão e um PM foi ferido e torturado por bandidos em Costa Barros, após ter sua identidade descoberta.
Policial civil foi assassinado com sete tiros em Anchieta
O que era para ser um ato de gentileza e amizade acabou virando tragédia. O comissário de polícia José Carlos Fernandes Garcia, 51 anos, foi morto a tiros, na tarde de sábado, quando levava uma cama para a casa de um amigo na Rua Inácio Gertrudes, em Anchieta, Zona Norte do Rio. A vítima e o amigo foram abordados por pelo menos três criminosos, que, ao perceberem que o policial estava armado, atingiram-no com sete disparos. Nada foi levado.
Na fuga, os suspeitos roubaram um outro carro. O agente, que era lotado na Delegacia Fazendária, foi sepultado hoje sob aplausos, em Sulacap. Segundo colegas, o desejo de Garcia era se aposentar no ano que vem, depois de mais de 20 anos de serviços prestados à Polícia Civil.
Parentes e amigos do comissário relataram que ele havia trabalhado na madrugada de sábado, chegou de manhã em casa, no Recreio, Zona Oeste, descansou um pouco e saiu para ajudar o amigo.
“Mataram o homem que ensinou tudo o que eu sei. Ele era querido por todo mundo. Um policial não pode andar com a arma, que é morto”, lamentou o filho de Garcia, Felipe, de 26 anos, que se forma policial militar em agosto.
O policial ainda chegou a ser socorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, mas não resistiu.
Na fuga, os bandidos roubaram uma Blazer preta, que foi encontrada neste sábado no mesmo bairro. O veículo será periciado em busca de digitais dos suspeitos. O amigo de Garcia, que presenciou o crime, prestou depoimento na Delegacia de Homicídios (DH), que investiga o caso, mas adiantou que tudo aconteceu muito rápido. Outras testemunhas também estiveram na delegacia e os agentes estão em buscas de imagens de circuito que tenham flagrado a ação.
Neste domingo à tarde, mais de 100 pessoas compareceram ao velório no Cemitério da Jardim da Saudade, em Sulacap. Um helicóptero da Civil sobrevoou o local.