Rio - Droga e vingança alimentaram a tragédia que ameaçou a vida de duas crianças e provocou o linchamento do criminoso, na noite de domingo na Rocinha. O drama começou quando Newton Costa Silva, de 54 anos, invadiu o apartamento de Aline Vanessa Leite dos Santos e anunciou que iria assassinar todos ali. Ele quase conseguiu.
Golpeou a cabeça de um bebê com uma barra de ferro, cortou o rosto de uma menina de 2 anos e esmurrou a mãe das crianças. Os vizinhos ouviram os gritos e conseguiram evitar a chacina. Quinze homens flagaram o criminoso, o imobilizaram e o amarraram num poste. Em seguida, as cenas foram de linchamento.
A polícia trabalha com a hipótese de que traficantes mataram o suspeito. Policiais da UPP da Rocinha encontraram Newton amarrado com fios e o levaram para o Hospital Municipal Miguel Couto. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu.
De acordo com o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Rocinha, o suspeito, que seria usuário de drogas, foi encontrado bastante ferido e amarrado por volta das 4h, na Estrada da Gávea, com sinais de espancamento. Newton não tinha antecedentes criminais.
DESESPERO
De acordo com o depoimento de Aline Vanessa Leite dos Santos, ela e os dois filhos estavam vendo um filme em casa, quando Newton arrombou a porta com uma barra de ferro, os trancou e anunciou que ia matá-los. Segundo Aline, ele parecia drogado.
As cenas brutais começaram logo em seguida. Além de socar o rosto da mulher, Newton golpeou a cabeça do bebê de apenas um ano e dez meses e deu uma tesourada na cara da menina dede dois anos e dez meses. O mais novo deu entrada no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, com ferimento na cabeça, foi operado pela equipe de neurocirurgia e transferido para o Hospital Pronto Baby, na Tijuca, onde segue internado na UTI. Seu estado de saúde é estável.
Aline teve um corte no queixo e outro na cabeça. A filha mais velha levou um ponto na cabeça por conta da agressão. As duas foram medicadas e liberadas. Segundo a Polícia, as circunstâncias da morte de Newton ainda estão sendo investigadas.
Professor critica justiceiros
Na página do DIA no Facebook, internautas comentaram a ação dos ‘justiceiros” da Rocinha e de outros casos que ocorreram recentemente no Rio e no Maranhão: “Idade Média? Daqui a pouco estaremos queimando na fogueira. Retrocesso social e cultural! ”, ponderou um internauta. “Se a lei fosse mais rigorosa para bandido, isto com certeza não iria acontecer. Mas. O povo está cansado”, postou outro.
Segundo Paulo Baía, sociólogo e professor da UFRJ, vivemos um momento de “intolerância absoluta". As pessoas não confiam nas instituições e partem para a barbárie. Este quadro é muito ruim, já que torna cidadão de bem assassinos”, explicou o professor.