Por paloma.savedra

Rio - Quatro dias após a Associated Press (AP) divulgar um estudo revelando que a poluição da Baía de Guanabara pode colocar a saúde dos atletas da Rio 2016 em risco, o governo do Rio anunciou mais um projeto para recuperação das águas da Baía. O governador Luiz Fernando Pezão celebrou nesta segunda-feira um acordo com sete universidades e três centros de pesquisa, que ajudarão no programa de despoluição.

Poluição da Baía de Guanabara preocupa atletas que vão disputar provas na Rio 2016João Laet / Agência O Dia

O estudo da AP revelou que níveis perigosos de vírus e bactérias foram encontrados na Baía de Guanabara, na Lagoa Rodrigo de Freitas e no mar de Copabacana, sedes de modalidades como vela, canoagem, triatlo e maratona aquática. Cerca de 1.400 atletas vão competir nestes locais durante as Olimpíadas de 2016.

O acordo de cooperação técnica – que inclui condições tecnológicas, científicas e operacionais – foi assinado por Pezão e representantes das instituições, no Palácio Guanabara. Fazem parte do projeto as universidades estaduais Uerj e Uenf; as federais UFRJ, UFF, UniRio, UFRRJ; a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC); as fundações Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Getúlio Vargas (FGV), além do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (da Marinha).

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"É uma honra contar com esse observatório composto por pesquisadores de várias das nossas universidades e instituições altamente qualificadas. Essa parceria começou a ser fortalecida em maio e vai auxiliar o estado, acima de tudo, no planejamento de ações e na recuperação da Baía", declarou Pezão. 

Também serão convidados a participar do trabalho professores estrangeiros com experiência na recuperação das baías de Chesapeake (EUA), Brest (França), e Sidney (Austrália).

"Essa parceria prevê a realização de diagnósticos sobre as atuais condições ambientais e socioeconômicas da bacia hidrográfica e zona costeira adjacente à Baía de Guanabara", declarou o diretor-executivo da Câmara Metropolitana de Integração Governamental, Vicente Loureiro, que acrescentou: "A partir daí, serão oficializados instrumentos para monitorar as ações". 

OMS pede que COI analise níveis de vírus na Baía de Guanabara

A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu para que o Comitê Olímpico Internacional (COI) passe a monitorar os níveis de vírus nas águas do Rio de Janeiro após um estudo da AP revelar que a poluição em pontos que servirão de sede para as provas podem colocar a saúde dos atletas em risco.

Membros do comitê olímpico e do governo brasileiro testaram apenas os níveis de bactérias presentes nas águas para determinar se elas são seguras. No entanto, especialistas afirmam que vírus representam um problema muito maior e precisam ser monitorados.

"Nós vamos encontrar alguém que possa fazer o teste e nos dizer com segurança o que precisamos saber", diz Peter Sowrey, chefe da Federação Internacional de Vela (Isaf). "Esse é o meu plano".

De acordo com Sowrey, o "plano B" caso a Baía de Guanabara não apresente condições ideais para a vela será levar as competições para o mar aberto. O dirigente diz que seria triste perder a oportunidade de ter o Pão de Açúcar como cenário de fundo e a chance de ver o esporte ganhar destaque nas transmissões, uma vez que as provas geralmente são em locais afastados das principais sedes.

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